I.
A JUSTIFICAÇÃO DEFINIDA
A justificação é
aquele ato de Deus instantâneo, eterno, gracioso, livre e judicial, pelo qual,
devido ao mérito do sangue e da justiça de Cristo, um pecador arrependido e
crente é livrado da penalidade da Lei, restaurado ao favor de Deus e
considerado como possuindo a justiça imputada de Jesus Cristo; em virtude de
tudo de que recebe adoção como um filho.
II.
O AUTOR DA JUSTIFICAÇÃO

De Cristo se pode
dizer que nos justifica só no sentido que Ele pagou o preço da redenção.
III.
A NATUREZA DA JUSTIFICAÇÃO
1. É INSTANTÂNEO
É um ato e não um
processo. Ocorre e está completa no momento em que o indivíduo crê. Não admite
graus ou fases. Do publicano se diz ter descido à sua casa justificado. Ele foi
justificado completamente no momento em que colocou sua fé na obra
propiciatória de Cristo. A justificação do crente está posta sempre em tempo
passado. Em toda a Bíblia não há o mais leve vislumbre de um processo contínuo
na Justificação.
2. É ETERNA
Quando alguém se
justifica, justificado está por toda a eternidade. A justificação não pode
jamais ser revogada ou revertida. É uma vez por todo o tempo e eternidade. Por
essa razão Deus pergunta: “Quem lançará qualquer acusação contra os eleitos de
Deus?” (Rom. 8:33). Cristo pagou inteiro resgate e fez completa satisfação por
todos os crentes; doutra maneira Cristo teria de morrer outra vez, ou então o
crente cairia em condenação pelos seus pecados futuros. Mas lemos que a oblação
de Cristo se fez uma vez por todas (Heb. 10:10), e que o crente “não entrará em
condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24).
Tanto quanto a
posição do crente está em foco, ele já passou o juízo. Foi julgado e absolvido
completamente e eternamente. Que Paulo ensinou uma justificação eterna e
imutável mostra-se no fato de ele sentir-se chamado a defender sua doutrina
contra os ataques dos que contenderiam que ela dava licença ao pecado. Isto é a
acusação que se faz hoje contra a doutrina que ora estabelecemos.
Finalmente lemos:
“Por uma oblação Ele aperfeiçoou para sempre aos que se santificam” (Heb.
10:14). Verdade é que são os santificados que estão sob consideração nesta
cita, mas é aplicável aos justificados também; porque, santificados e
justificados são um. Se os santificados são aperfeiçoados para sempre, assim
são os justificados. A perfeição aqui é a de estar diante de Deus.
3. É GRACIOSA E LIVRE
O pecador não
merece nada às mãos de Deus, exceto condenação. Logo, a justificação é
inteiramente de graça. Está assim estabelecido em toda à parte na Escritura,
exceto por Tiago que empregou o significado secundário do termo. No sentido
primário do termo a justificação nunca está representada como sendo através das
obras ou obediências do homem. Vide Rom. 3:20; 4:2-6; Tito 3:5.
E, enquanto que a
justificação é na base da obra meritória e expiatória de Cristo, contudo, da
parte de Deus, é livre e espontânea, tanto quanto Deus não estava sob nenhuma
obrigação de aceitar a Cristo como nosso substituto.
4. É SOMENTE JUDICIAL E DECLARATIVA
A justificação, no
sentido primário, é um termo forense ou legal. É um ato do tribunal do céu. Não
faz o crente internamente justo ou santo. Fá-lo justo apenas quanto à sua
posição. Muitos confundem sem cessar justificação e santificação; mas não são a
mesma coisa. Justificação é apresentada como o oposto de condenação, ao passo
que santificação como o oposto de uma natureza pecaminosa. Vide Rom. 5:18.
IV.
O FUNDAMENTO DA JUSTIFICAÇÃO
O fundamento da
justificação é o sangue e a justiça de Jesus Cristo. A fé é um meio de
justificação, mas não é o fundamento dela. Nada no homem é fundamento da
justificação. Deus requer perfeição. O homem, por causa da depravação da carne,
não pode render obediência perfeita até mesmo depois da regeneração. Daí a
justificação deve achar seu fundamento fora do homem.
A justificação
toma tanto o sangue como a justiça de Cristo para constituir o seu fundamento.
O Seu sangue nos justifica negativamente ; Sua justiça, positivamente. Em
outras palavras, o sangue paga a penalidade pelos nossos pecados e a justiça dá
posição positiva perante Deus.
Não há contradição
entre Tiago e Paulo quanto ao fundamento da justificação. Paulo simplesmente
usou a palavra grega “dikaioo” no seu sentido primário, para significar fazer
alguém legalmente justo, ao passo que Tiago a usou no seu sentido secundário,
para significar como mostra e prova estar alguém justo ou tal como devera
estar. O mesmo uso que Tiago faz do termo pode-se achar também em Mat. 11:9 e 1
Tim. 3:16. Paulo ensina que nos é dada uma posição justa diante de Deus pela
fé; Tiago ensina que provamos nossa justificação pelas nossas obras.
Tanta necessidade
há de reconciliar Tiago consigo mesmo como de reconciliar Tiago com Paulo;
porque Tiago afirma que “Abraão creu em Deus e que isso lhe foi reconhecido
como justiça” (Tiago 2:23). Vide Rom. 4:3.
V.
O MEIO DE JUSTIFICAÇÃO
A fé em Cristo é o
meio de justificação. Isto é, pela fé é que a justificação é aplicada ou feita
experiencial. Ninguém se justifica senão os que crêem. A fé é logicamente
anterior à justificação, ainda que não cronologicamente anterior. A
justificação é através da fé porque a justificação é só uma de uma série de
atos pelos quais Deus nos ajusta para Seu reino aqui e além. Sem fé a
justificação se estragaria e não ajudaria a realizar o propósito de Deus em
nós.
A fé não tem
mérito em si ou de si mesma. Ela não é aceita em lugar da nossa obediência. Nem
ela produz um rebaixamento do padrão de Deus, de modo que possamos ganhar favor
com Deus pelas nossas obras.
VI.
OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO
1. LIBERDADE DA PENALIDADE DA LEI
Em Rom. 10:4
lemos: “Cristo é o fim da Lei para justiça de todo àquele que crê”. E Gal. 3:13
diz: “Cristo nos remiu da maldição da Lei fazendo-se maldição por nós.” Isto
quer dizer que, para o crente, a Lei não é mais um instrumento de condenação.
Cristo arrancou-lhe as garras para o crente. O Monte Sinai ajuntou-se em
tremenda fúria e atirou seus dardos de condenação contra Cristo sobre o
madeiro. Ele recebeu esses dardos no Seu próprio corpo na cruz, consumiu sua
força e robou-lhes o poder de condenarem o crente. Por essa razão o crente
nunca entrará em condenação (João 5:24; Rom. 8:1). Cristo morreu como
substituto do crente; daí o crente é para a Lei como um já morto.
2.
RESTAURAÇÃO AO FAVOR DE DEUS
A justificação não
só alforria meramente o homem da penalidade da Lei: fá-lo à vista de Deus como
um que nunca quebrou a Lei. A justificação torna o crente tão inocente perante
Deus em relação à sua posição como Adão foi antes de cair.
3. IMPUTAÇÃO
DA JUSTIÇA DE CRISTO
As passagens
seguintes ensinam que, na justificação, a justiça de Cristo nos é imputada ou
reconhecida: Rom. 3:22, 4:3-6, 10:4; Fil. 3:9.
Estas passagens
nos ensinam que o crente não só é inocente perante Deus, mas é considerado como
possuindo a perfeita justiça de Cristo; logo, tanto quanto se considera a
posição e o destino do crente, ele é reconhecido como sendo tão justo como
Cristo. Sua posição perante Deus é a mesma como aquela de Cristo. Nesta conexão
o imortal Bunyan escreveu: “O crente em Cristo está agora, pela graça, envolto
sob uma justiça tão completa e abençoada que a Lei do Monte Sinai não pode
achar nem falta nem diminuição nele. Isto é o que se chama a justiça de Deus
pela fé.”
4. ADOÇÃO DE
FILHOS
Lemos: “Deus
enviou Seu Filho... para remir os que estavam debaixo da Lei, a fim de
recebermos a adoção de filhos.” (Gal. 4:4,5). É na base desta redenção que
somos justificados. A adoção é o topo da justificação. Cristo tomou nosso
lugar; portanto, quando cremos nEle, tomamos Seu lugar como um filho. É assim
que recebemos o direito de nos tornarmos filhos. Está em ordem a adoção para
que sejamos “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rom. 8:17), e para
que tenhamos um direito legal à herança “incorruptível e impoluta, que não fenece,
reservada no céu” para nós (1 Pedro 1:4). Quando fomos justificados, já éramos
filhos do diabo. Não podíamos ser inascíturos como tais; daí tínhamos de ser
transferidos da família do diabo para a de Deus por adoção. Tornamo-nos filhos
experiencialmente pela regeneração, mas legalmente pela adoção. Regeneração e
adoção não são as mesmas.
5. PAZ COM DEUS
Rom. 5:1. O crente
tem paz com Deus por causa do conhecimento e através do conhecimento de todos
os benefícios precedentes.
Um sumário: De
maneira a ajudar o estudante a agarrar melhor o que temos dito, damos o
seguinte sumário, o qual é adaptada da discussão de Bancroft sobre o método da
justificação (Elemental Theology, pág. 206).
Somos
justificados:
1. Judicialmente
por Deus. Rom. 8:33
2. Causalmente pela
graça. Rom. 3:24
3. Meritória e
Manifestamente por Cristo.
(1).
Meritoriamente pela Sua morte. Rom. 5:9
(2).
Manifestamente pela Sua ressurreição.
Rom. 4:25. A
ressurreição de Cristo manifestou o valor justificante de Sua morte.
4. Mediatamente
pela Fé. Rom. 5:1.
5. Evidencialmente
pelas Obras. Tiago 2:14-24.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Luis Antonio dos Santos – 10/12/05
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
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