domingo, 20 de outubro de 2013

OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO


“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices [...] são mais desejáveis do que ouro, [...] em os guardar há grande recompensa [...] Para mim vale mais a lei que procede de tua boca do que milhares de ouro ou de prata” (Salmo 19.7,10-11; Salmo 119.72).

 
Muhammad estava agitado e inquieto. Sua cabra travessa tinha sumido. Ao vaguear sem rumo longe de seu rebanho e de seus amigos, o beduíno chegou a uma caverna que ficava em posição elevada e dava frente para a costa noroeste do Mar Morto. Por pensar que o animal desgarrado tivesse se perdido dentro da caverna, o beduíno começou a jogar pedras pela entrada da gruta a fim de fazê-lo sair lá de dentro. Quando ele ouviu o ruído das pedras que batiam em peças de cerâmica, ficou intrigado. Será que lá dentro da caverna poderia haver um tesouro escondido? Com toda a empolgação, ele correu até a entrada da caverna, porém, no interior dela não encontrou ouro, nem prata, apenas jarros grandes e antigos ao longo das paredes, os quais continham rolos de pergaminhos despedaçados. Ele pensou: “pelo menos os pergaminhos de couro vão servir para fazer correias e tiras de sandálias”. Lamentavelmente, Muhammad não conseguiu perceber a real importância daquele momento. A teimosia de sua cabra o levara àquela que pode ser considerada, nos tempos modernos, a maior descoberta de manuscritos: uma incalculável reserva entesourada da Palavra escrita – os Manuscritos do Mar Morto.

 

Beduínos não marcam o tempo como os ocidentais, mas assemelham-se aos seus antepassados; sua concepção de tempo e momento está relacionada com outros acontecimentos. Assim, não se pode datar essa descoberta com precisão. Após uma revisão, a nova data para a descoberta do primeiro rolo de manuscritos é a de 1935 ou 1936. A partir de então até o ano de 1956, muitos outros manuscritos foram achados. Acredita-se que esses manuscritos sejam de datas diferentes, as quais variam do século III a.C. até o século I d.C. A maior parte deles foi descoberta em cavernas de formação calcária em Qumran, situadas exatamente a noroeste do Mar Morto. A maioria dos pergaminhos é escrita em hebraico; o restante deles é escrito em aramaico e grego. Foram achados mais de 900 documentos, que correspondem a 350 obras distintas em suas múltiplas cópias. Muitos dos escritos bíblicos e extrabíblicos estão representados em pequeníssimos fragmentos. Só em uma caverna foram encontrados 520 textos, na forma de 15 mil fragmentos. Como se pode imaginar, juntar todos esses pedaços de pergaminho na sua respectiva posição para que se faça a tradução tem se constituído numa tarefa gigantesca.

A descoberta dos Manuscritos do Mar Morto confirma aquilo que as pessoas que crêem na Bíblia sempre souberam, ou seja, que a Bíblia, tal qual a temos na atualidade, é um texto que passa nos testes de fidedignidade. Apesar dos ataques contra a Bíblia, a Palavra de Deus permanece para sempre: “O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam” (2 Samuel 22.31).

 

Sempre houve pessoas que questionaram a confiabilidade das Escrituras. Uma vez que o texto foi copiado e re-copiado ao longo dos séculos, os críticos alegam que é impossível saber-se com certeza o que os escritores bíblicos escreveram ou queriam dizer originalmente. Os Manuscritos do Mar Morto invalidam tal hipótese ou suposição no que se refere ao Antigo Testamento. Foram achadas entre 223 e 233 cópias das Escrituras Hebraicas, as quais foram comparadas com o texto atual. O único livro do Antigo Testamento que não foi encontrado nessa descoberta é o livro de Ester. É possível que ele esteja oculto numa caverna ainda não identificada de algum lugar isolado.

 

Antes dessa descoberta, os manuscritos mais antigos das Escrituras Hebraicas datavam do século IX d.C. ao século XI d.C. Tais manuscritos constituem aquele que é chamado de Texto Massorético, termo este originado da palavra hebraica masorah que significa “tradição”. Os escribas judeus de Tiberíades, denominados massoretas, procuraram meticulosamente padronizar o texto hebraico e sua pronúncia; a obra que realizaram ainda é considerada uma referência confiável nos dias de hoje. Os manuscritos de Qumran são, no mínimo, mil anos mais antigos que o Texto Massorético. Na realidade, esses manuscritos são até mesmo mais antigos que a Septuaginta, uma tradução grega do Antigo Testamento elaborada no Egito durante o período de 300 a 200 a.C.

Comparações minuciosas têm sido feitas entre o Texto Massorético e os Manuscritos do Mar Morto. Encontraram-se diferenças insignificantes de ortografia e gramática. Os críticos e céticos em relação à Bíblia ficaram surpresos quanto à maneira pela qual o texto daqueles manuscritos se assemelha ao texto atual. Eles não encontraram nenhuma objeção evidente às principais doutrinas das Escrituras Sagradas. A parte bíblica da literatura descoberta em Qumran confirma o estilo de expressão verbal e o significado do Antigo Testamento que temos em nossas mãos na atualidade: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (João 5.39).

 

Além das cópias das Escrituras do Antigo Testamento, as cavernas do Mar Morto também nos proporcionaram outras obras escritas. Esses documentos descrevem o estilo de vida e as crenças da misteriosa comunidade que viveu na região de Qumran. Embora não sejam escritos bíblicos, são registros valiosos que possibilitam a compreensão do contexto de vida e da cultura na época do Novo Testamento. Infelizmente os estudiosos dão mais atenção a essas obras de menor relevância do que às Escrituras, ainda que os textos bíblicos sejam mais importantes para os problemas da vida, pois o legítimo plano de Deus para a redenção da humanidade só se encontra no texto da Bíblia.

 

Uma Exatidão Maravilhosa

 

O Manuscrito do Livro (rolo) de Isaías encontrado na caverna 1 da região de Qumran oferece um sensacional exemplo da transmissão exata do texto na tradução. Acredita-se que esse extraordinário manuscrito date de cem anos antes do nascimento de Jesus Cristo. Foi um manuscrito semelhante a esse que Jesus utilizou na sinagoga da aldeia de Nazaré, quando leu a seguinte passagem das Escrituras: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres” (Lucas 4.18; Isaías 61.1). Ele continuou a leitura até determinado ponto. Em seguida, devolveu o livro (rolo) ao assistente da sinagoga e se sentou. Enquanto todos tinham os olhos fitos em Jesus, Ele declarou que aquela porção das Escrituras acabara de se cumprir diante dos ouvintes. Dessa forma, Jesus afirmou claramente ser Ele mesmo o Messias de Deus, vindo ao mundo para conceder a salvação a todo aquele que O receber.

A mesma passagem bíblica traduzida diretamente a partir do Manuscrito do Livro de Isaías descoberto em Qumran (o qual é cerca de mil anos mais antigo do que o manuscrito hebraico (o Texto Massorético) no qual se basearam as outras traduções), é praticamente idêntica: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque YHVH [N. do T., o tetragrama sagrado em hebraico que se refere ao nome supremo de Deus: Yahveh ou Javé] me ungiu para pregar as boas novas aos quebrantados”. A integridade da reivindicação de Cristo, conforme está escrita em nossas Bíblias, se confirma.

 

É fascinante que os manuscritos achados com mais freqüência em Qumran, sejam completos, sejam na forma de pequenos fragmentos, referem-se aos mesmos livros da Bíblia geralmente citados no Novo Testamento: Deuteronômio, Isaías e Salmos. Tal fato desperta um interesse ainda maior à luz das próprias palavras de Jesus concernentes às Escrituras Hebraicas:

“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas 24.44).

 

Muitos outros exemplos poderiam ser citados. O fato principal acerca da Bíblia e desses rolos de manuscritos resume-se naquilo que um grande expositor das Escrituras, o inglês G. Campbell Morgan (1863-1945), certa feita compartilhou: “Não existe vida nas Escrituras em si mesmas, porém, se seguirmos a direção para onde as Escrituras nos levam, elas nos conduzirão até Ele e assim encontraremos a vida, não nas Escrituras, mas nEle através delas”.

“Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente” (Is 40.8).

 

Infindáveis argumentações e debates têm surgido acerca desses manuscritos. Contudo, os crentes em Cristo podem estar certos de que tais manuscritos bíblicos antigos ratificam, apoiam e dão credibilidade à Bíblia que temos nos dias de hoje. A Palavra de Deus continua a ser a única fonte legítima da fé e da doutrina para todo aquele que busca recompensa eterna.

“São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa” (Salmo 19.10-11).

 

Sendo assim, pobre Muhammad! Ele tinha esperança de encontrar os tesouros deste mundo, mas achou apenas pergaminhos despedaçados que só prestavam para fazer correias de sandálias! Lamentavelmente o lucro deste mundo é uma prioridade que absorve a pessoa completamente. O mundo considera as Escrituras Sagradas como algo sem valor; ou com alguma utilidade, de vez em quando, para serem citadas como “palavras da boca pra fora”, mas nunca para serem aceitas pela fé e praticadas. Todavia, nós, os salvos em Cristo, temos um conhecimento mais apurado. Temos conhecimento suficiente para não desprezar o tesouro verdadeiro e incalculável que só pode ser descoberto quando se faz uma escavação no solo da Palavra de Deus:

“E, se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus” (Provérbios 2.3-5).

Peter Colón - Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

PLATÃO E DEUS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O CRISTIANISMO

Platão é um filósofo grego e bastante influente da antiguidade. Ele nasceu no ano de 427 AC em Atenas, Grécia, filho de pais atenienses ricos. Platão começou sua carreira filosófica como um aluno de Sócrates. Após a morte de seu pai, sua mãe se casou com um amigo de Péricles, então ele passou a ser politicamente ligado à oligarquia e democracia. Oligarquia é uma forma de governo onde a maior parte (ou todo) o poder político efetivamente recai sobre um pequeno segmento da sociedade que é normalmente o mais poderoso, seja pela riqueza, família, força militar, crueldade ou influência política. O irmão e tio de sua mãe tentaram persuadi-lo a juntar-se às regras oligárquicas de Atenas. No entanto, Platão se juntou a seus dois irmãos mais velhos para se tornar um aluno de Sócrates. Sócrates forçou esses homens a adotar as ideias e crenças que ele criticamente estabelecera nas áreas de "Conhece a ti mesmo".

Platão não era um amigo dos Trinta Tiranos que estavam no poder durante esse tempo. Este grupo era uma oligarquia pró-espartana instalada em Atenas, e um dos seus dois principais membros eram um seguidor de Sócrates. Os Trinta severamente reduziram o número de direitos dos cidadãos atenienses. Apenas um grupo de 500 pessoas especialmente selecionadas podia participar de cerimônias legais, enquanto que cerca de 3000 tinham o direito de portar armas ou receber um julgamento com júri. Centenas de atenienses foram mortos por ordens de beber cicuta, e milhares mais foram exilados. Assim, Platão os alienou através do seu método de questionamento crítico e acabou sendo levado a julgamento por crimes capitais de impiedade religiosa e corrupção da juventude. Platão foi, portanto, condenado à morte, mas seus amigos vieram em seu auxílio e ofereceram a pagar uma multa ao invés da pena de morte.

Platão, filósofo grego – Influências

Platão foi fortemente influenciado por Sócrates, e muitos de seus diálogos tinham este homem como um personagem no seu conteúdo. Portanto, muitos de seus primeiros trabalhos foram provavelmente empréstimos ou adaptações do próprio Sócrates. É difícil saber quanto do conteúdo e argumento de qualquer diálogo é realmente o ponto de vista de Sócrates e quanto é de Platão. O próprio Sócrates não anotou nenhum dos seus ensinamentos.

Os escritos de Platão lidavam com debates a respeito da melhor forma possível de governo, exibindo adeptos da aristocracia, democracia, monarquia, assim como outros assuntos. O tema central na maioria deles é o conflito entre natureza e convenção, o papel da hereditariedade e do ambiente na inteligência humana e personalidade.

Após a morte de Sócrates, Platão fundou uma escola em Atenas, nos jardins que haviam pertencido ao semideus Academo. Era chamada de Academia (de onde temos a palavra acadêmicos) e considerada uma universidade de ensino superior por incluir a física, a astronomia e a matemática, bem como a filosofia. Platão deu palestras que nunca foram publicadas. 

Platão faleceu em 347 AC, aproximadamente aos oitenta anos de idade, mas não se sabe o que causou sua morte.

Platão, filósofo grego – Logos

Logos é o termo grego que significa "a Palavra". Filósofos gregos (como Platão) mencionavam Logos não só quando se referindo à palavra falada, mas também à palavra não dita, a que ainda está na mente -- a razão. Quando aplicada ao universo, os gregos estavam falando sobre o princípio racional que governa todas as coisas.
Um filósofo grego chamado Heráclito usou pela primeira vez o termo Logos cerca de 600 AC para designar o plano divino que coordena todo o universo. Os judeus monoteístas usavam Logos para se referir a Deus, já que Ele era a mente racional - a razão - por trás da criação e coordenação do universo.

Assim, João (o autor do livro bíblico de João) usou uma palavra muito especial - Logos – isso foi muito significativo para ambos os judeus e gregos durante o primeiro século DC. 
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:1-3, 14).

Grandes Filósofos - Ideias de Deus

O que os grandes filósofos do passado achavam sobre a ideia de Deus? Muitos dos grandes músicos, cientistas e líderes da história afirmaram alguma crença em um Deus todo-poderoso. E os grandes pensadores da filosofia? Assim como na ciência, música, artes e cultura, há um grande número de filósofos respeitados que fizeram declarações muito claras sobre sua fé. Alguns expressaram crença forte. Alguns expressaram dúvidas. Outros apenas fizeram perguntas. Dar uma olhada em alguns dos filósofos mais famosos da história nos fornece maior entendimento sobre a percepção de Deus no mundo da filosofia. 

Os filósofos gregos fizeram perguntas em grande parte sobre a ideia geral da divindade, e formularam suas perguntas em torno de questões morais. Sócrates afirmou uma versão estreita e mais comum da regra de ouro ao dizer: "Não faça aos outros o que irrita você se feito a você por outros." Toda a filosofia de Sócrates foi relatada por Platão, seu discípulo mais famoso, por isso pode ser difícil dizer quais crenças são de Sócrates, e quais são de Platão. Os escritos de Platão descrevem o que ele chama de "A Forma do Bem", e ele aparentava ter alguma ideia de uma autoridade sobrenatural. Ele mesmo declarou: "A morte não é o pior que pode acontecer ao homem." Até mesmo o seu interesse nas estrelas inspirava crença. Em suas próprias palavras: "A astronomia compele a alma a olhar para cima e leva-nos deste mundo a outro." 

Aristóteles, um aluno de Platão, certamente adotou a ideia de um "Bem Maior". Aristóteles incentivou seus alunos a desenvolver uma habilidade de ganhar experiência sem ser facilmente levado. "É a marca de uma mente educada ser capaz de entreter um pensamento sem aceitá-lo." Outras afirmações, tais como: "Não podemos mais perguntar se o corpo e a alma são um, assim como não devemos perguntar se a cera e a figura nela impressa são um", são uma boa evidência de que Aristóteles realmente acreditava em algo, e alguém, além da vida mortal.

Grandes Filósofos - Vozes da Filosofia

Os grandes filósofos do Ocidente não foram os únicos a contemplar o conceito de Deus. Pensadores orientais, tais como Confúcio, também expressaram suas crenças em um Criador sobrenatural. Confúcio disse certa vez: "A morte e a vida têm seus encontros determinados, riquezas e honra dependem do céu", e "O céu significa ser um com Deus." Confúcio também ensinou um princípio importante da filosofia, que "O objeto do homem superior é a verdade." Em João 18, Jesus providenciou um ponto focal para essa mesma ideia. 

Durante a ascensão da civilização ocidental, o número de vozes na filosofia cresceu. Uma dessas vozes foi Agostinho. Suas ideias sobre teologia e filosofia eram controversas no seu tempo, mas têm se tornado fundamentais para muitas denominações Cristãs. Agostinho tinha uma forte apreciação da singularidade do evangelho Cristão, dizendo: "Eu tenho lido em Platão e Cícero provérbios que são sábios e muito bonitos; mas eu nunca li em nenhum deles: vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados.'' Ele também apoiava o conceito de milagres, tanto filosoficamente e cientificamente, com citações como: "Milagres não são contrários à natureza, mas apenas contrários ao que sabemos sobre a natureza."

Os filósofos que surgiram depois continuaram a escrever e falar palavras que demonstravam sua crença, e procura, em um verdadeiro Deus. Aquino falou claramente a favor da fé fundamentada, dizendo: "A razão no homem é como Deus no mundo", e "Para quem tem fé, nenhuma explicação é necessária. Para um sem fé, nenhuma explicação é possível." Descartes, que ficou famoso por afirmar "penso, logo existo", também teve palavras severas para algumas das estranhas ideias de seus contemporâneos - muitos dos quais não eram crentes. Certa vez, ele alegou: "Não há nada tão estranho e inacreditável que não tenha sido dito por um filósofo ou outro." 
Pascal também foi um crente fiel e muitas vezes comentaram sobre sua fé. Há apenas um punhado de cientistas que têm contribuído mais à nossa compreensão da física do que ele. Pascal disse: "Jesus é o Deus a quem podemos aproximar-nos sem orgulho e diante de quem podemos humilhar-nos sem desespero." A aposta de Pascal, embora seja muitas vezes mal citada e geralmente mal compreendida, é um perfeito exemplo de como ele acreditava na força da crença filosófica. Ao afirmar a sua famosa aposta, Pascal na verdade disse: "Crença é uma aposta sábia. Admitindo-se que a fé não pode ser provada, que mal pode vir a você se você arriscar em sua verdade e ela se provar falsa? Se você ganhar, você ganha tudo, se você perder, você não perde nada. Aposte, então, sem hesitação, que Ele existe." Aqui Pascal está realmente dizendo que o Cristão não tem nada a perder por crer em Cristo.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

LIDERANÇA: AS 5 MARCAS DA INTEGRIDADE



A verdade é um valor inegociável; defendê-la e praticá-la é pressuposto fundamental do caráter cristão. (por Ronaldo Lidório)

Se você deseja conhecer a integridade de um líder, observe os detalhes. Conheça-o na informalidade do lar, no trato com amigos chegados, na conversa ao telefone. O conselho bíblico de sermos fiéis no pouco para sermos colocados sobre o muito pressupõe um grau de dificuldade e detalhamento. O pouco nos prova, como também nos expõe – é, portanto, no pouco, nos detalhes da vida, que podemos diagnosticar nossas carências e limitações, e ali aprender com o Mestre. Platão, o célebre filósofo grego, foi claro: “Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa”. A informalidade nos expõe com maior frequência, pois nos encontra em estado de espontaneidade.Um dos desafios mais difíceis que enfrentamos é a tradução de nossos valores espirituais e morais para atitudes espirituais e morais em nossa vida diária. Permitam-me listar aqui, dentre tantas atitudes que buscam a construção de um caráter íntegro, algumas que observo de extrema colaboração neste sentido.

1. Calar-se: Certamente há momentos de falar, de fazer-se ouvir. Mas reconheço que os homens de Deus que tenho conhecido buscavam mais o silêncio do que o confronto verbal perante as adversidades, e faziam a obra do Senhor.

2. Não negociar a verdade: Quando a Palavra nos ensina que a posição do crente, o seu falar, deve ser “sim, sim”, “não, não”, o que se advoga não é uma atitude de extremos; o assunto aqui é a verdade: dizer “sim” quando for sim e “não” quando for não. No cenário do genuíno cristianismo, a verdade não pode ser negociada. Ela é um dos grandes blocos que constrói uma vida íntegra.

3. Assumir a responsabilidade: Há líderes que possuem grande dificuldade de pedir perdão de maneira verbal e clara, ou de voltar atrás em decisões tomadas mesmo quando francamente equivocadas. Esta postura provém de um coração soberbo. É o sentimento de soberba que os faz pensar sobre a sua suposta superioridade – talvez, nutrida pelo seu conhecimento, ou pela posição de liderança, ou ainda em face de sua função de destaque, de seus ganhos ou merecimentos. Muitos não percebem, porém, que este é o caminho de morte.

4. Aprender com os erros: C.S.Lewis nos ensina que “quando um homem se torna melhor, compreende cada vez mais claramente o mal que ainda existe em si. Quando um homem se torna pior, percebe cada vez menos a sua própria maldade”. Para aprendermos com nossos erros é necessário levá-los a sério, conversar com o Pai sobre eles, pedir forças para mudarmos e amadurecermos, crescendo sempre um pouco mais.

5. Cuidar do seu coração: O Senhor sonda nosso coração. Portanto, é nossa imagem interna, e não externa, que precisa de maior cuidado. Em dias de ufanismo e triunfalismo, somos levados a procurar sempre o que nos destaca, ou destaca o nosso trabalho – um grave engano, visto que o Senhor não sonda nossos relatórios, mas sim nossos corações. O doutor Augustus Nicodemus, profundo expositor da Palavra, afirma que Deus não nos chama para termos sucesso sempre, mas sim para sermos fiéis.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

PERDOE-ME POR ME TRAÍRES



Hermes C. Fernandes

Uma das cenas que mais me marcaram entre todos os filmes que já assisti é a que retrata o momento em que William Wallace, protagonista de Coração Valente, descobre que aquele contra quem ele está lutando no campo de batalha é o mesmo pelo qual estava arriscando a própria vida.

Esta cena merecia um Oscar para Mel Gibson! O olhar, a maneira como ele engole a seco, a fisionomia expressando completa decepção e desolação. Simplesmente, impagável!

Só quem já foi traído por alguém por quem lutava sabe o quanto dói. É como uma espada traspassando nossa alma. Quando assisti a este filme, confesso que ainda não conhecia de perto este sentimento.

De todas as dores que Jesus experimentou, nenhuma o machucou mais do que a traição. Não apenas a traição de Judas, mas, sobretudo a traição do povo para o qual Ele havia vindo ao Mundo. O mesmo povo que na véspera o aclamava na entrada de Jerusalém, agora gritava no pátio de Pilatos: Crucifica-o!

Doeu mais do que os cravos e a coroa de espinhos.

Trair quem luta por nós é trair a nós mesmos. É trair nossas convicções mais profundas, nossa consciência. Nada dói tanto quanto a traição.

E toda a traição é como um bumerangue. Um dia volta contra nós.

O traidor do filme pelo menos cai em si, e se arrepende. Há outros que sequer têm crise de consciência, porque as pessoas que o apoiam parecem indicar que ele está no caminho certo. Suas vozes de aclamação o impedem de enxergar o buraco que cavou, no qual sua própria alma se submergirá.

Não há moedas de prata, não há vantagem financeira ou qualquer tipo de prazer que compensem a dor provocada pela traição. Só quem não tem alma não percebe isso.

Há até quem consiga comemorar a traição como um grande acontecimento.

Lembro-me de um filme brasileiro estrelado por Darlene Glória, chamado "Perdoe-me por me traíres". Depois de sair traída por diversas vezes, a mulher vai ao encontro do seu marido pedir-lhe perdão. Geralmente, quem pede perdão é quem trai. Mas quando o traidor está com a consciência cauterizada, a melhor coisa a fazer é tomar a iniciativa e pedir-lhe perdão. Quem sabe ele caia em si e perceba o mal que fez e se arrependa.

Não se venda, não negocie com sua alma. Não faça ninguém sofrer. Não decepcione quem depositou tanta confiança em você. A menos que você se sinta preparado para encarar o olhar decepcionado de quem tanto te ama.

Pergunte a Pedro o que ele sentiu quando teve que encarar o olhar de Jesus. Você estaria preparado para reencontrar aquele a quem você traiu?

Olhe-se no espelho e pergunte a si mesmo se a imagem que você vê refletida é de alguém digno de confiança ou de alguém infiel à sua própria consciência.

Melhor que trair é ser sincero, jogar limpo, falar francamente, olho no olho, sem rodeios, sem meias palavras. Machuca muito menos que atraiçoar.

Foi isso que meu pai fez quando quis deixar sua antiga denominação. Ele convidou o líder da igreja para uma conversa franca. Eu estava lá e testemunhei a hombridade com que meu pai tratou aquele homem com quem havia caminhado por quase vinte anos. O nome disso é honradez. É assim que age quem é honrado. Tive muito orgulho do meu pai naquele dia.

Nem todo mundo tem a mesma hombridade e honradez. Há pessoas que são como serpentes, escorregadias e astutas, e em cuja língua há veneno. Deus as tratará!

E o pior de quem trai é ter que carregar um estigma pelo resto da vida.

Você colocaria o nome "Judas" em um filho? Mesmo que tenha havido outro Judas, que se manteve fiel a Jesus até o fim, o nome tornou-se sinônimo de " traidor".

Não deve ser nada fácil carregar este tipo de estigma por toda a vida.

Jacó, mesmo depois de passar a ser chamar Israel, continuou sendo chamado de Jacó pelo resto da vida. O próprio Deus que mudou seu nome continuou a chamá-lo de Jacó. Este foi o estigma que o patriarca teve que carregar por haver traído seu próprio irmão várias vezes.

Nunca vale a pena trair. Quem trai se torna seu próprio algoz.

Uns traem com um beijo, outros traem com um abraço, e outros com palavras e ações.

Seja fiel a Deus! Seja fiel à sua igreja! Seja fiel à sua família! Seja fiel aos seus filhos! Seja fiel à sua esposa! Seja fiel aos seus amigos! Seja fiel às suas convicções!

Se não dá pra caminhar juntos, pelo menos não traia tudo em que você disse acreditar por tanto tempo. Seja, no mínimo, fiel à visão celestial, como foi Paulo perante o rei Agripa.


N'Ele que jamais nos decepcionará, apesar dos homens...

Fonte: umadguar

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

PENSE NISSO: UMA PALAVRA DE CHARLES SPURGEON



Nenhum de nós é chamado ao apostolado, nem todos somos chamados à pregação pública da Palavra de Deus. No entanto, somos todos encarregados de sermos ousados em favor da verdade, na terra, e de batalharmos diligentemente pela fé que uma vez foi entregue aos santos.
Charles Spurgeon

Costumava haver no mundo um evangelho que consistia de fatos nunca duvidados pelos verdadeiros cristãos. Na igreja havia um evangelho que os crentes abrigaram no coração como se fosse a vida de sua alma. No mundo, costumava haver um evangelho que provocava entusiasmo e recomendava o sacrifício. Milhares e milhares se reuniam para ouvir esse evangelho ao risco de sua própria vida. Homens o pregaram, mesmo em face da oposição dos tiranos; sofreram a perda de todas as coisas, foram presos e mortos por causa desse evangelho, cantando salmos em todo o tempo. Não há remanescente desse evangelho? Ou chegamos à terra da ilusão, na qual as almas passam fome, alimentando-se de suposições, e se tornam incapazes de ter confiança ou zelo? Os discípulos de Jesus estão agora se alimentando da espuma do “pensamento” e do vento da imaginação, nos quais os homens se enlevam e ficam exaltados? Ou retornaremos ao alimento substancial da revelação infalível e clamaremos ao Espírito Santo que nos alimente com sua própria Palavra inspirada?
Charles Spurgeon

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O HOMER SIMPSON É UM CATÓLICO



Os Simpsons, desenho assistido por mais de 18 milhões de espectadores semanais só nos Estados Unidos, já faz parte da cultura americana tanto que a marca registrada de Homer Simpson Doh! foi adicionada ao Dicionário de Oxford da língua inglesa. Várias vezes ouvi comentários de que o desenho não é para criança. Concordo. Sua crítica social transmitida em horário nobre se assemelha bastante às críticas de Beavis and Butt-head, South Park e Futurama, animações exclusivas para adultos. Os temas abordados por eles contém uma densa reflexão filosófica que pode confundir a mente infantil, sem falar das sacanagens. Para eles os limites da moral não existem. Tanto faz roubar, matar, adulterar, desde que a vida seja vivida. Sem os ditames da consciência, da religião e da sociedade tudo pode acontecer.

Por trás daquelas imagens coloridas típicas dos desenhos animados estão mentes que estimulam a “libertação" da sociedade ocidental. Uma libertação que resulta no tudo pode, tudo é lícito, permitido, basta querer. Dos desenhos ingênuos os Simpsons só herdaram as cores. O restante é um convite para refletir sobre a desconstrução dos valores morais que norteiam a sociedade.

O jornal do Vaticano “L’Osservatore Romano”, publicou que o seriado animado dos Simpsons explorava assuntos como família, educação, comunidade e religião. O jornal ouviu um padre jesuíta chamado Francesco Occhetta que deu a sua opinião acerca de um episódio que foi ao ar em 2005, chamado “O pai, o filho, e a Estrela Santa convidada”, no qual Bart se converte ao catolicismo. Diante da análise feita pelo padre, a conclusão foi: “Homer Simpson é um verdadeiro católico!

Com essa conclusão pode-se ter um ideia da imagem dos crentes católicos na mente de muitos padres. A verdade é que existem muitos “Homers” no catolicismo, especialmente em nosso país. Aqui no Brasil ser católico é uma questão de tradição. Basta que a família tenha um antecedente católico e logo se estar convertidos à fé, sem nenhum comprometimento maior. Daí muitos professarem ser católicos, no entanto vivem uma vida devassa, escravizadas por todo tipo de pecado.

Num determinado capítulo, Homer recebeu uma visita de Deus e o descreveu da seguinte forma: "Dentes perfeitos. Perfumado. Sempre age com classe." Isso mostra claramente a visão materialista que as pessoas têm de Deus: Estão interessadas somente no que ele tem de bom pra dar. Os Simpsons, uma vez foi condenado por George e Barbara Bush além do antigo Secretário de Educação William Bennett.

Mark Pinsky um repórter de assuntos religiosos escreveu um livro intitulado: O Evangelho Segundo Os Simpsons: A vida espiritual da família mais animada de mundo. Pinsky, vê na série animada e irreverente, uma reflexão do papel da religião na vida familiar americana. Em suma, a religião é um meio eficiente de esquecer os revés da vida e ganhar dinheiro fácil.


Não é diferente do que tem acontecido em muitas igrejas evangélicas no Brasil. Nos grandes centros neopentecostais temos visto um crescimento alarmante de evangélicos nominais que só refletem acerca da sua condição diante de Deus quando precisam dele. São as “Sanguessugas [...] dá, dá” (Provérbios, 30.15). Basta que os problemas se resolvam e logo cessa também sua espiritualidade.

Cuidemos para que não nos tornemos “Homerianos”. O chamado de Deus exige de nós mais do que uma freqüência nos cultos, ele requer uma vida de temor, que ilumine as trevas de um mundo entenebrecido pelo pecado.”

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
O Evangelho Segundo os Simpsons
Marky Pinsky
Fonte Editorial

OVELHA TAMBÉM É $

Infelizmente é assim que algumas pessoas olham para o seu rebanho...


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

SALMO 23 DOS MINEIROS KK



O sinhô é meu pastô e nada há de me fartá
Ele me faiz caminhá pelos verde capinzá
Ele tamém me leva pros corgos de água carma

Inda que eu tenha qui andá
nos buraco assombrado
lá pelas encruzinhada do capeta
não careço tê medo di nada
a-modo-de-quê Ele é mais forte que o “coisa-ruim”

Ele sempre nos aprepara uma boa bóia
na frente di tudo quanto é maracutaia

E é assim que um dia
quando a gente tivé mais-pra-lá-do-qui-pra-cá
nóis vai morá no rancho do sinhô
pra inté nunca mais se acabá...


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

SATANÁS; SUA ORIGEM, OBRA E DESTINO

Nenhum crente na inspiração plenária das Escrituras pode duvidar da existência de um diabo pessoal. A realidade de semelhante entidade está indelevelmente estampada nas páginas do Santo Escrito. "Não podemos negar a personalidade de Satanás, exceto sobre princípios que nos compeliriam a negar a existência de anjos, a personalidade do Espírito Santo e a do Pai, Deus" (Strong, Systematic Theology, pág. 223).
Ainda mesmo que a Bíblia nada dissesse da existência de um tal ser, talvez fôssemos compelidos a crer na sua existência como uma explanação do poder sutil e escravizador do pecado.

I.              A ORIGEM DE SATANÁS

A existência de um ser ímpio tal como Satanás é, em face de nossa crença em Deus como sendo infinitamente santo e, contudo criador de todas as outras coisas apresenta esta pergunta inescapável: Como vamos dar conta de sua existência?
Cético tem imaginado que a pergunta: Quem fez o diabo? Oferece uma objeção irrespondível à doutrina cristã de Deus. Mas a Bíblia responde a esta pergunta clara e razoavelmente.

      1.    SATANÁS, UM ANJO DECAÍDO.

Afirmamos isso pelas três seguintes razões:

   1)  Ele é da mesma natureza que os anjos. 
As obras atribuídas ao diabo tornam tarefa a nós impossível compreendê-lo algo outro que incorpóreo. Se ele fosse material, limitar-se-ia ao espaço; e, portanto, não poderia prosseguir com as obras universais de impiedade a ele atribuídas na Bíblia

    2)  Ele é o líder de certos anjos.
 Em Mateus 25:41 Cristo usa a expressão: "O diabo e seus anjos".
   
    3)  Um destino comum espera Satanás e esses anjos. 
Na passagem referida há pouco a Cristo Ele nos conta que o inferno foi preparado tanto para o diabo como para seus anjos.
Concluímos que esses anjos dos qual Satanás é o líder e de cujo castigo ele se aquinhoará são os anjos decaídos mencionados por Pedro e Judas. Parece-nos claro, então, que Satanás mesmo é um anjo decaído.
A declaração em João 8:44 para o efeito que o diabo "foi homicida desde o princípio" não precisa de ser tomada como permanecendo em conflito com o precitado. A expressão "desde o princípio" não precisa ser tomada como se referindo ao princípio da existência do diabo: pode referir-se, e cremos que se refere, ao princípio da história humana.

      2.    DADOS DA QUEDA DE SATANÁS.

Cremos que temos na Escritura duas relações fragmentárias da queda de Satanás. Referimo-nos a Ezequiel 28:12-18 e Isaías 14:12-17.
A primeira dessas passagens foi endereçada ao rei de Tiro; a segunda ao rei de Babilônia. Em ambas, mas mais especialmente na primeira, algo da linguagem é forte demais para aplicar-se a qualquer homem. Cremos que essas passagens, quais muitas outras profecias, tem uma dupla referência. Isto é verdade de algumas das profecias concernentes ao reajuntamento de Israel: sendo a sua referência imediata à volta de Israel após os setenta anos de cativeiro na Babilônia. Mas, elas fazem também uma clara referência remota ao reajuntamento de Israel disperso no fim dos tempos. Em Mateus 24:4-51 temos uma dupla referência maravilhosamente trabalhada em conjunto. A razão desta dupla referência é que a destruição de Jerusalém em 70 A. D. foi um tipo do cerco final de Jerusalém logo em precedência ao segundo advento de Cristo à terra para julgar o mundo e estabelecer o Seu reino milenial; e, sem duvida, a razão da dupla referência nas passagens que estamos considerando de Ezequiel e Isaías é que os reis de Tiro e Babilônia foram tomados como tipos "do homem do pecado" (2 Tessalonicenses 2:3,4), a "besta" do Apocalipse (Apocalipse 13 e 17), que não será senão uma ferramenta nas mãos de Satanás. Portanto, as palavras dos profetas vêem além desses reis ao poder dominante atrás deles, dirigindo-se a Satanás através dos seus representantes. Temos outros casos onde Satanás está assim endereçados. Em Gênesis 3:15 Satanás está endereçado através da serpente, seu instrumento e em Mateus 16:22,23 através de Pedro, em quem Cristo percebeu o espírito de Satanás.

1)  Referência a Satanás na sua condição Intacta.
"Tu és o Selador da soma, cheio de sabedoria e perfeito em formosura; estavas no Éden, jardim de Deus, toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti, foram preparados no dia em que foste criados. Tu eras o querubim, ungido para cobridor e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras fulgentes andavas. Perfeito eras nos teus caminhos desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti" (Ezequiel 28:12-15).

2)  Referência à queda de Satanás. 
"Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência e pecaste; pelo que te lançarei profanado do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras fulgentes. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor, por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que a ti olhem. Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários. Eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo que te consumiu a ti e te tornei em cinzas sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem" (Ezequiel 28:16-18).
"Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva do dia? Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações? E tu dizias no teus coração: Eu subirei ao céu, por cima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei sobre as alturas das nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo derribado serás no inferno, aos lados da cova. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão e dirão: É este o varão que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos? Que punha o mundo como deserto e assolava as suas cidades? Que a seus presos não deixava soltos para suas casas?" (Isaías 14:12-17).
Destas duas relações parece claro que Satanás caiu pelo orgulho. Está isto em harmonia com as seguintes passagens:
Provérbios 16:18. A soberba precede a ruína e o espírito altivo a queda.
1 Timóteo 3:2,6. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível ... não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.
Por Ezequiel entendemos que Satanás ocupava lugar muito elevado entre os anjos no seu estado intacto. "Eras o querubim ungido que cobrias e eu te estabeleci, de maneira que estavas sobre o santo monte de Deus". Notai que ele não era "um querubim ungido", mas "o querubim ungido". "Ungido" quer dizer separado como um sacerdote ao serviço de Deus. "O ungido querubim que cobre" alude provavelmente ao querubim que cobria o propiciatório com suas asas no templo (Êxodo 37:9). Isto parece indicar que o diabo era o líder da adoração angélica; provavelmente ocupava o lugar que agora é ocupado por Miguel, o arcanjo.

II. A OBRA DE SATANÁS
  
      1.    O PECADO ORIGINADO NO UNIVERSO.

As passagens supra, que dão um relato velado da queda de Satanás, apontam-nos a narrativa mais antiga que temos na Bíblia sobre o pecado. Sabemos que Satanás caiu antes do homem, porquanto Satanás solicitou o homem ao pecado. "O pecado não foi uma criação mas uma origem: veio a existir pelo auxilio daquele que teve existência anterior, nomeadamente, personalidade e o poder de livre escolha. Deus não criou esse ser como o Diabo, mas como um anjo santo, o qual originou o pecado pela desobediência e se transformou no diabo ímpio que é hoje (Bancroft, Elemental Theology).

      2.    INTRODUZIU O PECADO NA FAMÍLIA HUMANA.

Gênesis 3:1-16. Há uma conexão íntima entre o que notamos de Isaías a respeito do diabo e o seu método de seduzir Eva. Satanás foi enxotado do céu porque disse: "Far-me-ei semelhante ao Altíssimo". Ele enganou Eva por dizer-lhe que, em vez de morrer como resultado de comer o fruto proibido, torna-se?ia ela "como Deus, conhecendo o bem e o mal".

      3.    POSSUI E CONTROLA O MUNDO 

Jó 9:24; Mateus 4:8,9; João 12:31; 14:30; 16:11; 2 Coríntios 4:3,4; Efésios 6:12. Deus possui o mundo (Salmos 24:1), mas, como lemos em Jó 9:24, o mundo foi dado na mão de Satanás temporariamente e Satanás o domina, sujeito a tais limitações como Deus se apraz impor. Vide Salmos 76:10.

      4.    ACUSA O POVO DE DEUS 
Jó 1:6-9; 2:3-5; Apocalipse 12:9,10. "Diabo" significa "acusador" ou "enganador".

      5.    TAMBÉM PROVA, ESCONDE, RESISTE E ESBOFETEIA.
 Lucas 22:31; 1 Tessalonicenses 2:18; Zacarias 3:1; 2 Coríntios 12:7.

      6.    PROCURA OPOR-SE E ESCONDER A OBRA DE DEUS. 
Mateus 13:39; Marcos 4:15; 2 Coríntios 11:14,15; 2 Tessalonicenses 2:9,10; Apocalipse 2:10; 3:9.

      7.    TENTA, ENLAÇA E GUIA OS HOMENS AO MAL. 
1 Crônicas 21:1; Mateus 4:1-9; João 13:2,27; Atos 5:3.

      8.    CONTROLA E CEGA OS PERDIDOS. 
João 8:44; 12:37-40; Atos 26:18; 2 Coríntios 4:4; 2 Timóteo 2:26. A cegueira em 2 Coríntios 4:4 e aquela em João 12:37-40 são o mesmo. Sua causa imediata é a depravação da natureza carnal. Diz-se que o diabo é o autor desta cegueira porque ela é o autor do pecado. Na derradeira passagem é atribuída a Deus porque é pela vontade permissiva de Deus que se concedeu ao diabo trazer o pecado ao mundo. Para mais extensa discussão desta cegueira vide o capítulo sobre a livre agência do homem.

      9.    CAUSA ENFERMIDADES. 
Lucas 13:16; Atos 10:38.

     10. TEM O PODER DA MORTE.
Hebreus 2:14.
Mas, graças sejam dadas a Deus, toda a obra de Satanás está senhoreada pela onipotência e onisciência de Deus e é feita para operar ultimadamente para glória de Deus e para o bem dos santos. Vide Salmos 76:10; Romanos 8:31; 2 Coríntios 12:7; Efésios 1:11.
Na queda de Pedro temos um exemplo excelente de como Deus é glorificado e os santos beneficiados mesmo através da tentação do diabo que atualmente produz o pecado nas vidas dos santos. A experiência de Pedro em negar a Cristo fê-lo homem diferente dele mesmo. No julgamento de Jesus ele Pedro acovardou-se ante uma criadinha, mas no Pentecostes ele topou a multidão dos crucificadores de Cristo com palavras ardentes de condenação. A queda de Pedro tirou-lhe a Fiúza em si mesmo. Assim, Satanás, buscando a completa ruína de Pedro, como ele teve a de Jó, peneirou a palha e deixou o trigo. Podemos ver também que as aflições de Satanás trouxeram no fim maiores bênçãos a Jó.

II.            O DESTINO DE SATANÁS

A noção comum que Satanás está agora no inferno não é correta. O mesmo é verdade da ideia de Satanás ficar sempre no inferno como o que inflige tormento sobre outros. Ele habita agora nos ares (Efésios 6:11,12), tem acesso a Deus (Jó 1:6) e é ativo sobre a terra (Jó 1:7; 1 Pedro 5:8). Mas, finalmente, Satanás será lançado no inferno que deixará de arder quando for destruído com os demônios e ímpios.
Já notamos que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos e desobedientes. Na passagem seguinte temos a relação de como ele será lançado no inferno:
"E o diabo que os enganou foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde também estão a besta e o falso profeta; e serão atormentados dia e noite para todo o sempre" (Apocalipse 20:10).
Após a sua destruição, reinará apenas o amor entre os salvos, e a angústia não se levantará outra vez. Naum 1:9.

AMÉM!

Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th. - Adaptado por Luís Carlos Fonseca
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004 
Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04