sábado, 28 de março de 2015

OSEIAS - UM ISRAEL A QUEM DEUS TANTO AMOU


Oseias foi contemporâneo de Amós, Isaías e Miquéias. Esse foi o tempo áureo da profecia tanto em Israel como em Judá. Oseias era homem de coração quebrantado. O que o choroso Jeremias foi para Judá, o Reino do Sul, quase um século mais tarde, o soluçante Oseias foi para Israel, o Reino do Norte. Da mesma forma que Jeremias viu seus compatriotas do Sul serem realmente mergulhados na noite sombria do cativeiro babilônico e, de coração partido, imortalizou isso em suas Lamentações, é provável que Oseias tenha viso as dez tribos de seu amado Israel serem arrastadas para longe da sua terra que, tão vergonhosamente, profanaram, para aquele exílio e para aquela dispersão entre as nações das quais não foram mais reunidas.

No começo do ministério profético de Oseias, Israel e Judá estavam vivendo o apogeu da sua prosperidade financeira. Ambos os reinos desfrutavam paz nas fronteiras e crescimento econômico dentro das divisas. O rei Uzias governou Israel por 52 anos e muito se fortaleceu. Seu reinado foi próspero, e Judá tornou-se um reino opulento, tanto militar quanto economicamente.

O reinado de Uzias caracterizou-se por sucessivas guerras das quais ele saiu vitorioso, pela ampliação dos projetos de construção, pela multiplicação das fortificações e pelo desenvolvimento da agricultura (2Cr 26) e pelo desenvolvimento da agricultura (2Cr 26). Os reis que o sucederam também prosperaram.

No reino do Norte, Jeroboão II, num longo governo de 41 anos, levou o reino ao apogeu de sua influência política e econômica, ampliando suas fronteiras e desfrutando de invejável riqueza interna. Esse monarca conquistou para Israel (2Rs 14:25) um domínio tão extenso como não se via desde a ruptura do reinado de Salomão, anexando até mesmo Damasco, que já nos dias de Salomão fora perdida (1Rs 11:24).

Jeroboão II foi considerado o Luiz XIV de Samaria. Encabeçava um despotismo militar arrogante. Nos seus dias, a nação subiu ao apogeu de suas prosperidade, mas, também, desceu rapidamente a uma fatal corrupção moral.

Depois da morte desse opulento monarca houve dissensões internas a ponto de políticos rivais sacrificarem os interesses da nação. Houve conspiração, traição e assassinatos no palácio. Os reis caíram como lasca de madeira sobre a superfície das águas (Os 10:27).

Jeroboão II foi realmente o último rei forte de Israel. Dos outros seis que se seguiram, só Manaem morreu de morte natural. Os outros tomaram o trono assassinando quem o ocupava na ocasião. Salum matou Zacarias depois de um reinado de apenas um ano e meio; Menaém matou Salum após um reinado de apenas um mês; Peca matou Pecaías, filho de Menaém; e Oseias, o último deles (não o profeta), por sua vez matou Peca.

A lealdade ao trono praticamente não existia mais; as conspirações eram abundantes. Havia surtos de anarquia, e as condições tornaram-se deploráveis. As nações agitava-se em desordem ao redor do trono degradado e vacilante. Nesse tempo de instabilidade, a nação ora corria atrás de alianças como o Egito, ora bandeava para os lados da Assíria (Os 7:11), pagando-lhes tributos, até que finalmente perdeu sua independência e autonomia nacional, tornando-se vassalo da Assíria.

Vale lembrar que os tempos áureos de riqueza nos anos dourados de Jeroboão II trouxeram em suas asas uma assombrosa miséria, mais grave e mais danosa do que da própria pobreza: o esfriamento do amor e a apostasia da fé. Israel abandonou o Deus verdadeiro para curvar-se diante de Baal. A santidade foi substituída pela galopante corrupção moral.

Foi o Senhor quem deu a Israel  o cereal, o vinho, o óleo e multiplicou a prata e o ouro que o povo passou a entregar na adoração ao deus Baal.

O coração de Deus estava ferido, pois desde a libertação de Israel quando ainda eles eram escravos no Egito, o Senhor Todo Poderoso, ainda amava a Israel, embora eles estavam entregues aos balaains. Então o próprio Deus com o coração partido fala ao profeta Oséias:

 

a)      Os 5:06 – “eu me retirei deles”

b)      Os 4:17 – “Efraim está entregue aos ídolos”

 

O pecado de Israel era tão grande e grave, que Deus ao olhar a menina de seus olhos se corrompendo, deitando-se com outros deuses, com ira e raiva, o próprio Deus fala ao profeta:

 

a)      Os 5:14 – “Porque para Efraim eu serei como um leão

b)      Os 9:09 – “O Senhor se lembrará das injustiças e castigará os pecados deles”

 

Embora Deus estivesse com o coração partido, e furioso por causa do pecado e pelo abandono da fé nAquele que os tirou do Egito, o amor de Deus por Israel, excedia qualquer entendimento e razão, pois foi assim que o Deus diz ao profeta Oseias:

 

a)      Os 11:08 – “Como de deixarei, ó Efraim? [...] Meu coração está comovido dentro de mim..”

b)      Os 14:04 – “Curarei a sua infidelidade”

 

Israel havia abandonado Deus, mas Deus não havia abandonado Israel. O amor de Deus por seu povo vai além de nosso pensar, além de nosso imaginar, além de nosso entendimento. O amor de Deus é incondicional!

Oseias foi escolhido por Deus para trazer uma mensagem de juízo ao povo, onde o próprio Deus viria contra eles por causa da apostasia e de seus pecados. Oseias profetizou num tempo de prosperidade financeira e decadência espiritual. Depois da morte de Salomão, em 931 a.C., dez tribos cismáticas romperam com a dinastia de Davi e seguiram Jeroboão I, formando o reino do Norte. Esse reino foi levado cativo pela Assíria em 722 a.C. Nesses 209 anos, eles tiveram dezenove reis e oito diferentes dinastias, e nenhum deles andou com Deus. Todos eles se desviaram à semelhança de Jeroboão I, que induziu o povo a adorar um bezerro de ouro em lugar de servir ao Deus vivo.

 

O casamento do profeta: uma demonstração do amor de Deus

 

O casamento de Oseias é um símbolo do adultério espiritual de Israel. O pecado de adultério tem sido definido como “busca de satisfação em relações ilícitas”. A prostituição é ainda pior. É o pecado de “prostituir bens superiores por causa de dinheiro e lucro”.

Deus disse ao profeta:

“Quando pela primeira vez falou o Senhor por intermédio de Oseias, então lhe disse: Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor (1:2)”. Embora esse fato ofereça algumas dificuldades e nos cause certo constrangimento, é exatamente isso que o texto afirma. Oseias amava a Gômer (sua esposa) não como base em suas virtudes, mas apesar de seus pecados.

O casamento de Oseias com Gômer foi uma tragédia, mas a tragédia de Oseias ilustra a tragédia de Deus. Ao se envolver com outros deuses, Israel adulterou, e o esposo podia rejeitá-lo. A insistência de Israel na idolatria, com várias divindades configurava mais que o adultério. Era prostituição. O casamento estava terminado. Havia motivo mais que justificado.

 

Os filhos do profeta são anunciados

 

Se o casamento de Oseias com Gômer retratava o amor de Deus a um povo ingrato e infiel, os filhos de Oseias representavam o juízo de Deus a esse povo. O casal teve três filhos: Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami. São nomes carregados de simbolismo. Não podemos afirmar, com base no texto que os três filhos eram todos de Oseias. O texto parece sugerir que apenas o primeiro era filho de Oseias, ao passo que “Desfavorecida” e “Não meu povo” eram filhos de prostituição.

 

1.      Jezreel – O juízo de Deus aos reis e ao povo de Israel

Jezreel era o nome do campo de batalha onde Jeú exterminou a família de Acabe (2Rs 9-10). O problema de Jeú é que ele foi além do que Deus o mandou fazer. Ele errou quanto à forma, quanto à motivação e quanto à essência. Por ter cumprido o propósito de Deus de  vingar-se da casa de Acabe, Deus lhe prometeu quatro gerações no trono, mas agora chegara a hora de castigar a casa de Jeú pelo sangue de Jezreel. As trapaças de carnificina e hipocrisia, o fanatismo, o egoísmo e a sede de sangue tornaram “o sangue de Jezreel” uma nódoa acusadora.

 

2.      Lo-Ruama – Desfavorecida ou Não Compaixão

       Essa filha é fruto da infidelidade conjugal de Gômer. A prostituição espiritual do povo indo atrás de outros deuses havia provocado a ira de Deus, e o Senhor então resolveu reter o seu perdão. Havia chegado o fim para o povo de Israel. O julgamento era inevitável.

 

3.      Lo-Ami – Meu-Não-Povo

O juízo de Deus viria e seria sem compaixão, porque Israel não era mais povo de Deus. Deus não conhecia a Israel como seu povo por causa do pecado de prostituição do povo.

 

O amor de Deus estava ferido. Veio sobre o Reino do Norte um grande juízo da parte de Deus. O juízo de Deus veio para purificar o seu povo. Deus é amor! Parece difícil de entender, mas em meio a todo esse caos que estava prestes a vir sobre o reino do Norte, Deus ainda amava a Israel. Um amor difícil de se entender. Como num efeito cascata, Deus é obsequioso ao céu; o céu à terra, a terra ao trigo, o vinho ao óleo. E estes a Jezreel. Invertendo a ordem: A terra pede trigo, permissão a Deus, e de deus vem um sonoro sim a todas as essas súplicas. Nesse dia, Deus muda a sorte dos filhos de Israel. Jezreel não será mais disperso, mas semeado da graça. A promessa é que Lo-Ruama será Ruama, ou seja Meu povo não será mais estranho. A Desfavorecida não será mais abandonada. Toda maldição será não apenas desviada, mas transformada por outros deuses, mas será chamado: Meu Deus! Onde havia juízo, agora há misericórdia; onde havia maldição, agora há bênção.

O amor de Deus fala de um coração partido que sangra, mas jamais desiste de amar infinitamente os objetos de sua ira. O amor de Deus investe naquilo que o pecado desprezou. O pecado poderia desprezar Gômer por sua condição suja e imoral, mas Deus não conseguia olhar para com outros olhos ao não ser pelo amor que emanava dentro de seu coração.