segunda-feira, 27 de maio de 2013

Poema: Simplicidade

Se no principio quando era o verbo
de tão pequeno me achava grande,
uma enorme sombra diante de um Sol pequeno.
Mas a grandeza das coisas pequenas,
que são as estrelas na órbita da lua,
ensina que a vida cabe somente
na sua Via-Láctea.

Porém,
Se no teu infinito
não  cabe a escuridão alheia,
você brilha tão intenso
que o Universo cabe todo
numa casca de noz.

E aí, de tão grande a simplicidade
nasce em teu coração
um planeta melhor:
EU, TU, ELES, NÓS e Voz.


Sergio Vaz

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Remédio contra a Depressão

Fui aluno do Pr. Thomas Tronco e estou disponibilizando um dos mais belos artigos que estão no site www.igrejaredencao.org.br

Ouvi contar a história de um pastor que passava por uma fase de grande desânimo. Certa noite, ele sonhou que estava em pé no topo de uma grande rocha de granito tentando quebrá-la com uma picareta. Ele trabalhou por horas a fio sem que obtivesse qualquer resultado. Por fim, disse: “É inútil, vou parar”. De repente, um homem parou junto a ele e perguntou: “Essa tarefa não foi dada a você? Por que, então, você vai abandoná-la?”. O pastor respondeu: “Estou trabalhando em vão. Não consigo nem arranhar o granito”.  O estranho replicou: “Seu dever é bater com a picareta, quebrando a rocha ou não. O trabalho é seu; os resultados estão em outras mãos. Trabalhe!”. O pastor, então, reanimou-se e voltou ao trabalho. Em seu primeiro golpe voaram centenas de pedaços da rocha.
Davi também passou por momentos de desalento, desencorajamento e até uma pontinha de depressão. Uma dessas ocasiões foi quando se escondeu de Saul em uma caverna, circunstância em que escreveu oSalmo 142: “Salmo didático de Davi quando ele estava na caverna. Uma oração”. Esse não foi o único salmo composto nessa ocasião. Entretanto, enquanto no Salmo 57 ele afirma a firmeza do seu coração (Sl 57.7), no Salmo 142 ele revela sua fraqueza (v.6), seu lamento (v.2) e seu desânimo típico de quem está cansado e abatido (v.3). Contudo, esse salmo não é uma declaração de derrota ou de desistência, mas um esperançoso clamor a Deus de um servo que quer se levantar e seguir seus altos objetivos. Por isso, o salmo age como um remédio ministrado em quatro porções que ajudaram o salmista a atravessar o duríssimo momento que viveu.
A primeira porção do seu remédio foi o acesso a Deus na oração (vv.1,2). Muita gente fica depressiva quando as pessoas ao redor não lhe dão a devida atenção, nem escutam suas queixas. Muitas vezes, a sensação de solidão é pior que a própria solidão. Davi teria todas as razões para se sentir assim, já que as pessoas que precisavam ouvir da sua boca sobre sua inocência não queriam ouvi-lo. Entretanto, ele recorre a alguém que certamente ouvia sua voz com clareza e atenção (v.1): “[Com] minha voz eu clamo ao Senhor. [Com] minha voz eu suplico ao Senhor”. Davi roga a Deus por sua vida na situação complicada que atravessava, pois, se descoberto na caverna onde estava, seria um alvo fácil — era um ótimo esconderijo, mas um péssimo lugar para quem tivesse de fugir dali. É interessante notar que uma das vantagens de um lugar como aquele é que, além de os fugitivos não serem vistos, também não são ouvidos. Mesmo assim, ele podia dali clamar a Deus, pois tinha acesso a ele.
Esse acesso era baseado em um relacionamento pessoal, pelo que Davi podia, inclusive, lamentar-se com o Senhor como um filho preocupado e inseguro o faz com seu pai (v.2a): “Diante dele eu desabafo o meu lamento”. E o Senhor está atento ao sofrimento dos seus servos. Por isso, Davi, em suas orações, abria seu coração diante de Deus e lhe narrava seus sofrimentos (v.2b): “Diante dele eu relato o meu momento crítico”. Não que Deus não soubesse o que estava ocorrendo, mas, sim, porque é da sua vontade que o busquemos nas aflições, conforme explica o apóstolo: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp 4.6). Fazer isso foi a primeira dose do remédio para a depressão do salmista.
A segunda porção foi a certeza do cuidado de Deus (v.3,4). Não se engane: a situação era extremamente crítica. O risco que Davi corria com seus homens dentro daquela caverna era comparado ao risco de um animal desavisado que anda entre armadilhas invisíveis e mortais (v.3b): “No caminho por onde eu passo eles esconderam uma armadilha para mim”. Para piorar, ninguém se levantava contra Saul para acusar-lhe o crime e a injustiça para com seu bom servo Davi. Seus antigos amigos, temerosos de que o rei se voltasse contra eles também, se calavam e demonstravam um desinteresse egoísta em relação ao salmista (v.4): “Olha à minha direita e vê: Não há quem se importe comigo; não tenho para onde escapar; não há quem se interesse por mim”. Olhando para isso, dá para perceber que Davi não se sentia acuado apenas pela falta de esconderijos geográficos, mas pela falta de amigos que lhe abrigassem. Não é sem razão que o início do v.3 expressa o grande desânimo que ele estava sentindo naquele momento. Como uma pessoa desanimada tende a tornar-se descuidada — muitos até desistem de tudo —, Davi mantinha seu ânimo baseado no fato de que Deus não apenas escuta seus servos, mas os protege quando estão nessas circunstâncias (v.3a): “Ao desanimar em mim o meu espírito, tu cuidas do meu caminho”. Saber disso foi uma dose fundamental para ele resistir ao desespero.
A terceira porção foi a noção do poder de Deus (vv.5,6). Vários pacientes ficam curados simplesmente por acreditar no efeito de um remédio, mesmo que ele apenas pareça uma medicação — os médicos chamam isso de “efeito placebo”. Se isso vale para um tratamento aparente, imagine como age a noção do poder que tem o Senhor soberano. É claro que isso só serve para quem conhece a Deus de fato, mas o salmista, sendo um servo de Deus de verdade, era uma dessas pessoas. Por isso, ainda que estivesse no melhor refúgio que pode encontrar, sua confiança última estava apontada para Deus e não para as entranhas de uma montanha (v.5a): “Ó Senhor, eu clamo a ti, dizendo: ‘Tu és o meu refúgio”. Não importava qual fosse o tamanho do exército de Saul: Deus era forte o suficiente para proteger o servo. E não somente isso: era poderoso para devolver a Davi tudo que havia perdido, de modo que a garantia de que voltaria às suas posses estava no poder que há no soberano Deus, pelo que assim se refere ao Senhor (v.5a): “És a minha herança na terra dos viventes’”.
Muitos métodos de autoajuda buscam fazer com que seus pacientes olhem para dentro de si e busquem sua força interior. Fazem com que eles acreditem em si, recordando de coisas boas que fizeram no passado, levando-os a crer que podem atingir tudo que quiserem. Fazem com que repitam para si: “Sim, eu posso!”. Contudo, suas forças e habilidades continuam iguais, assim como as lutas e sofrimentos. Davi seguiu outro caminho. Em lugar de buscar forças em si e de acreditar que podia superar o inimigo, ele reconheceu sua fraqueza e, reconhecendo-a, foi em busca daquele a quem sabia ser onipotente e mais forte que qualquer circunstância (v.6): “Atende o meu clamor, pois estou muito desfalecido. Livra-me dos meus perseguidores, pois eles são mais fortes que eu”. A frase “estou muito desfalecido” também pode ser traduzida como “estou extremamente esgotado”. Esse reconhecimento fez com que ele se lançasse nos braços do Senhor, com plena confiança de que seu poder é ilimitado e que ele o usa no benefício dos seus. Apenas saber disso faz com que, pela fé, qualquer esgotamento comece a ceder.
A última porção do remédio que o ajudou a atravessar o momento duríssimo foi a intenção de servir a Deus (v.7). Davi não entregou os pontos, nem ficou culpando o Senhor por suas desventuras, usando isso por pretexto de se descomprometer de seguir o caminho de Deus e de lhe cumprir a vontade. Ao contrário, um fator que o ajudou foi manter acesa a chama do seu desejo de lutar na causa divina. Assim, seu desejo era sair dali vivo e anunciar as grandezas do Senhor, tornando a desventura em ocasião de testemunho (v.7a): “Faze com que eu saia da prisão para que eu [possa] proclamar o teu nome”. Se seu primeiro objetivo é anunciar a Palavra de Deus, seu segundo intento é buscar santificação. Por isso, ele declara ao Senhor que, livre da caverna e da perseguição — ao que ele chamou de “prisão” —, ele faria todo o necessário para conviver com pessoas tementes a Deus, os “justos”, diferente de Saul que, assessorado por homens maus, agia plenamente conforme sua própria maldade (v.7b): “Os justos me rodearão quando tu me beneficiares”. Deve-se observar que Davi não fala disso como uma simples contingência na sua história, mas como um objetivo a ser perseguido e produzido em zelo perante o Senhor. Desse modo, a manutenção desses objetivos de vida agiram como a dose final para o desespero que sentiu na escuridão de uma caverna.
Muitos crentes hoje em dia vivem desesperados e depressivos. Muitas vezes, isso ocorre por razões egoístas, orgulhosas, mesquinhas e de incrível falta de contentamento e gratidão. Mas, em outras, tudo se deve à dureza dessa vida e aos ataques dos inimigos dos servos do Senhor. Infelizmente, enquanto consultórios se enchem de crentes sem esperança, poucos olhos se voltam para as verdades de Deus em sua Palavra e para o amor e comunhão que há por meio de Jesus. Quem dera os crentes confiassem e buscassem mais a Deus! Quem dera mantivessem vivos seus objetivos e responsabilidades no corpo de Cristo! Seu desânimo se esmigalharia em centenas de pedaços.
Pr. Thomas Tronco 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

ÊXODO 14:21-29 - Como foi que dois milhões de pessoas puderam atravessar o Mar Vermelho num tempo tão curto?


PROBLEMA: De acordo com o relato da travessia do Mar Vermelho, toda aquela multidão de israelitas fugitivos deve ter tido não mais do que 24 horas para atravessar a parte do Mar Vermelho que Deus preparou para que por ela passassem. Entretanto, de acordo com os números disponíveis, havia cerca de dois milhões de pessoas (veja Nm 1:45-46). Mas, para uma multidão desse tamanho, 24 horas não seriam suficientes para a travessia.

SOLUÇÃO: Primeiro, embora a passagem possa dar a idéia de que o tempo necessário para que a nação de Israel fizesse aquela travessia fosse curto, esta não é uma conclusão obrigatória. O texto afirma que Deus
fez com que um forte vento oriental soprasse e recuasse as água "toda aquela noite" (Êx 14:21).
O versículo 22 parece indicar que logo na manhã seguinte a multidão de israelitas começou a caminhada pelo leito feito dentro do mar. O versículo 24 afirma também: "Na vigília da manhã, o Senhor... viu o acampamento dos egípcios". Finalmente, de acordo com o versículo 26, Deus disse a Moisés: "Estende a mão sobre o mar, para que as águas se voltem sobre os egípcios". Entretanto, não há referência alguma sobre o tempo em que este comando foi dado, e não é obrigatória a conclusão de que Israel tenha completado a ultrapassagem naquela mesma manhã.
Segundo, mesmo que admitamos que a travessia tenha levado 24 horas, isso não é assim tão impossível como pode parecer. A passagem não diz que o povo cruzou o mar numa fila indiana, ou que tenham tido de passar por uma faixa de terra seca da largura de uma rodovia dos nossos dias. De fato, é muito mais provável que Deus tenha aberto uma secção de alguns quilômetros de largura no mar. Isso certamente estaria de acordo com a situação, já que é muito provável que o acampamento dos israelitas nas margens do Mar Vermelho se estendesse por uns cinco quilômetros. Quando chegou a hora de o povo marchar sobre solo seco, provavelmente eles se moveram como uma grande multidão, avançando como um exército que estivesse invadindo as linhas do inimigo.
Em Êxodo 13:18, o mar é chamado de Mar Vermelho. Em hebraico é yam suph, que pode ser traduzido por "Mar dos juncos". Esta era possivelmente uma referência a uma parte do mar bem mais ao norte do que hoje se chama Golfo de Suez. Parece ser este o caso, por várias razões.
Primeiro, o Golfo de Suez não era conhecido por ter juncos. Segundo, ele é muito mais ao sul do que Pi-Hairote e Migdol, onde Israel acampou junto ao mar, de acordo com o versículo 2. Terceiro, para que Israel atingisse a extremidade mais ao norte do Golfo de Suez, eles teriam de ter atravessado uma grande extensão de deserto, e tal tipo de jornada não é indicado no texto. O Mar de juncos não era simplesmente uma extensão de terra pantanosa e rasa. Isto é evidente por pelo menos duas razões. Primeiro, o versículo 22 afirma que quando o mar foi repartido, "as águas lhes foram qual muro à sua direita e à sua esquerda". Isso obviamente não aconteceria se o mar fosse apenas um pântano. Segundo, depois que os egípcios entraram pelo mar em perseguição a Israel, Deus instruiu Moisés a estender a mão sobre o mar, e as águas voltaram ao seu nível normal e "cobriram os carros e os cavalarianos de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar" (14:28). Esta não teria sido uma descrição correta se o "Mar de juncos" fosse simplesmente uma extensão de terra pantanosa e rasa.
É possível que o mar tenha sido o que se conhecia como o Lago Ballah. Este lago, embora tenha desaparecido em decorrência da construção do Canal de Suez, provavelmente não tinha mais do que 20 ou 25 quilômetros de largura. É claro que não haveria problema algum para que toda aquela multidão pudesse atravessar esta distância em um dia.
Mesmo que suponhamos que Israel tenha atravessado pela parte mais larga do Golfo de
Suez, isto também não é um problema. Se admitirmos que a extensão atual do golfo é comparável com a sua extensão naquele tempo, é provável que ele tivesse, em média, não mais do que 65 quilômetros. Teria sido necessário caminhar a uma velocidade inferior a 3 quilômetros por hora para cruzar aquela extensão de 65 quilômetros em 24 horas.

Fonte: Manual popular de dúvidas, enigmas e contradições da Bíblia.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A Justificação


I. A JUSTIFICAÇÃO DEFINIDA


A justificação é aquele ato de Deus instantâneo, eterno, gracioso, livre e judicial, pelo qual, devido ao mérito do sangue e da justiça de Cristo, um pecador arrependido e crente é livrado da penalidade da Lei, restaurado ao favor de Deus e considerado como possuindo a justiça imputada de Jesus Cristo; em virtude de tudo de que recebe adoção como um filho.



II. O AUTOR DA JUSTIFICAÇÃO

Deus é o autor da justificação. O homem nada tem que ver com a sua justificação, salvo para recebê-la através da fé que o Espírito Santo o habilita a exercer. A Escritura declara: “É Deus que justifica” (Rom. 8:33). E outra vez lemos: “Sendo justificados livremente pela Sua (de Deus) graça por meio da redenção que está em Cristo Jesus” (Rom. 3:24).
De Cristo se pode dizer que nos justifica só no sentido que Ele pagou o preço da redenção.

III. A NATUREZA DA JUSTIFICAÇÃO

1. É INSTANTÂNEO

É um ato e não um processo. Ocorre e está completa no momento em que o indivíduo crê. Não admite graus ou fases. Do publicano se diz ter descido à sua casa justificado. Ele foi justificado completamente no momento em que colocou sua fé na obra propiciatória de Cristo. A justificação do crente está posta sempre em tempo passado. Em toda a Bíblia não há o mais leve vislumbre de um processo contínuo na Justificação.

2. É ETERNA

Quando alguém se justifica, justificado está por toda a eternidade. A justificação não pode jamais ser revogada ou revertida. É uma vez por todo o tempo e eternidade. Por essa razão Deus pergunta: “Quem lançará qualquer acusação contra os eleitos de Deus?” (Rom. 8:33). Cristo pagou inteiro resgate e fez completa satisfação por todos os crentes; doutra maneira Cristo teria de morrer outra vez, ou então o crente cairia em condenação pelos seus pecados futuros. Mas lemos que a oblação de Cristo se fez uma vez por todas (Heb. 10:10), e que o crente “não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24).
Tanto quanto a posição do crente está em foco, ele já passou o juízo. Foi julgado e absolvido completamente e eternamente. Que Paulo ensinou uma justificação eterna e imutável mostra-se no fato de ele sentir-se chamado a defender sua doutrina contra os ataques dos que contenderiam que ela dava licença ao pecado. Isto é a acusação que se faz hoje contra a doutrina que ora estabelecemos.
Finalmente lemos: “Por uma oblação Ele aperfeiçoou para sempre aos que se santificam” (Heb. 10:14). Verdade é que são os santificados que estão sob consideração nesta cita, mas é aplicável aos justificados também; porque, santificados e justificados são um. Se os santificados são aperfeiçoados para sempre, assim são os justificados. A perfeição aqui é a de estar diante de Deus.

3. É GRACIOSA E LIVRE

O pecador não merece nada às mãos de Deus, exceto condenação. Logo, a justificação é inteiramente de graça. Está assim estabelecido em toda à parte na Escritura, exceto por Tiago que empregou o significado secundário do termo. No sentido primário do termo a justificação nunca está representada como sendo através das obras ou obediências do homem. Vide Rom. 3:20; 4:2-6; Tito 3:5.
E, enquanto que a justificação é na base da obra meritória e expiatória de Cristo, contudo, da parte de Deus, é livre e espontânea, tanto quanto Deus não estava sob nenhuma obrigação de aceitar a Cristo como nosso substituto.

4. É SOMENTE JUDICIAL E DECLARATIVA

A justificação, no sentido primário, é um termo forense ou legal. É um ato do tribunal do céu. Não faz o crente internamente justo ou santo. Fá-lo justo apenas quanto à sua posição. Muitos confundem sem cessar justificação e santificação; mas não são a mesma coisa. Justificação é apresentada como o oposto de condenação, ao passo que santificação como o oposto de uma natureza pecaminosa. Vide Rom. 5:18.

IV. O FUNDAMENTO DA JUSTIFICAÇÃO

O fundamento da justificação é o sangue e a justiça de Jesus Cristo. A fé é um meio de justificação, mas não é o fundamento dela. Nada no homem é fundamento da justificação. Deus requer perfeição. O homem, por causa da depravação da carne, não pode render obediência perfeita até mesmo depois da regeneração. Daí a justificação deve achar seu fundamento fora do homem.
A justificação toma tanto o sangue como a justiça de Cristo para constituir o seu fundamento. O Seu sangue nos justifica negativamente ; Sua justiça, positivamente. Em outras palavras, o sangue paga a penalidade pelos nossos pecados e a justiça dá posição positiva perante Deus.
Não há contradição entre Tiago e Paulo quanto ao fundamento da justificação. Paulo simplesmente usou a palavra grega “dikaioo” no seu sentido primário, para significar fazer alguém legalmente justo, ao passo que Tiago a usou no seu sentido secundário, para significar como mostra e prova estar alguém justo ou tal como devera estar. O mesmo uso que Tiago faz do termo pode-se achar também em Mat. 11:9 e 1 Tim. 3:16. Paulo ensina que nos é dada uma posição justa diante de Deus pela fé; Tiago ensina que provamos nossa justificação pelas nossas obras.
Tanta necessidade há de reconciliar Tiago consigo mesmo como de reconciliar Tiago com Paulo; porque Tiago afirma que “Abraão creu em Deus e que isso lhe foi reconhecido como justiça” (Tiago 2:23). Vide Rom. 4:3.

V. O MEIO DE JUSTIFICAÇÃO

A fé em Cristo é o meio de justificação. Isto é, pela fé é que a justificação é aplicada ou feita experiencial. Ninguém se justifica senão os que crêem. A fé é logicamente anterior à justificação, ainda que não cronologicamente anterior. A justificação é através da fé porque a justificação é só uma de uma série de atos pelos quais Deus nos ajusta para Seu reino aqui e além. Sem fé a justificação se estragaria e não ajudaria a realizar o propósito de Deus em nós.
A fé não tem mérito em si ou de si mesma. Ela não é aceita em lugar da nossa obediência. Nem ela produz um rebaixamento do padrão de Deus, de modo que possamos ganhar favor com Deus pelas nossas obras.

VI. OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO

1. LIBERDADE DA PENALIDADE DA LEI
Em Rom. 10:4 lemos: “Cristo é o fim da Lei para justiça de todo àquele que crê”. E Gal. 3:13 diz: “Cristo nos remiu da maldição da Lei fazendo-se maldição por nós.” Isto quer dizer que, para o crente, a Lei não é mais um instrumento de condenação. Cristo arrancou-lhe as garras para o crente. O Monte Sinai ajuntou-se em tremenda fúria e atirou seus dardos de condenação contra Cristo sobre o madeiro. Ele recebeu esses dardos no Seu próprio corpo na cruz, consumiu sua força e robou-lhes o poder de condenarem o crente. Por essa razão o crente nunca entrará em condenação (João 5:24; Rom. 8:1). Cristo morreu como substituto do crente; daí o crente é para a Lei como um já morto.

2. RESTAURAÇÃO AO FAVOR DE DEUS

A justificação não só alforria meramente o homem da penalidade da Lei: fá-lo à vista de Deus como um que nunca quebrou a Lei. A justificação torna o crente tão inocente perante Deus em relação à sua posição como Adão foi antes de cair.

3. IMPUTAÇÃO DA JUSTIÇA DE CRISTO

As passagens seguintes ensinam que, na justificação, a justiça de Cristo nos é imputada ou reconhecida: Rom. 3:22, 4:3-6, 10:4; Fil. 3:9.
Estas passagens nos ensinam que o crente não só é inocente perante Deus, mas é considerado como possuindo a perfeita justiça de Cristo; logo, tanto quanto se considera a posição e o destino do crente, ele é reconhecido como sendo tão justo como Cristo. Sua posição perante Deus é a mesma como aquela de Cristo. Nesta conexão o imortal Bunyan escreveu: “O crente em Cristo está agora, pela graça, envolto sob uma justiça tão completa e abençoada que a Lei do Monte Sinai não pode achar nem falta nem diminuição nele. Isto é o que se chama a justiça de Deus pela fé.”

4. ADOÇÃO DE FILHOS

Lemos: “Deus enviou Seu Filho... para remir os que estavam debaixo da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” (Gal. 4:4,5). É na base desta redenção que somos justificados. A adoção é o topo da justificação. Cristo tomou nosso lugar; portanto, quando cremos nEle, tomamos Seu lugar como um filho. É assim que recebemos o direito de nos tornarmos filhos. Está em ordem a adoção para que sejamos “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rom. 8:17), e para que tenhamos um direito legal à herança “incorruptível e impoluta, que não fenece, reservada no céu” para nós (1 Pedro 1:4). Quando fomos justificados, já éramos filhos do diabo. Não podíamos ser inascíturos como tais; daí tínhamos de ser transferidos da família do diabo para a de Deus por adoção. Tornamo-nos filhos experiencialmente pela regeneração, mas legalmente pela adoção. Regeneração e adoção não são as mesmas.

5. PAZ COM DEUS

Rom. 5:1. O crente tem paz com Deus por causa do conhecimento e através do conhecimento de todos os benefícios precedentes.
Um sumário: De maneira a ajudar o estudante a agarrar melhor o que temos dito, damos o seguinte sumário, o qual é adaptada da discussão de Bancroft sobre o método da justificação (Elemental Theology, pág. 206).
Somos justificados:
1. Judicialmente por Deus. Rom. 8:33
2. Causalmente pela graça. Rom. 3:24
3. Meritória e Manifestamente por Cristo.
(1). Meritoriamente pela Sua morte. Rom. 5:9
(2). Manifestamente pela Sua ressurreição.
Rom. 4:25. A ressurreição de Cristo manifestou o valor justificante de Sua morte.
4. Mediatamente pela Fé. Rom. 5:1.
5. Evidencialmente pelas Obras. Tiago 2:14-24.


Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.
Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004
Revisão: Luis Antonio dos Santos – 10/12/05
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br 

A Liberdade de Deus e o Livre Arbítrio dos Homens


O livre arbítrio do homem é axioma cristão. Toda moral, quer sob a Lei, quer sob o Evangelho, o responsabiliza e o considera capaz de considerar motivos, pesar alternativas, calcular necessários para os atingir. Esta verdade elementar é fato fundamental em nossa experiência e assim agimos a cada momento.
Entre as verdades reveladas, frequentemente aparecem gêmeas. Andam em pares. Assim a liberdade de Deus é verdade tão axiomática como o livre arbítrio dos homens, é infinitamente maior em alcance, santidade e valor, e no horizonte de seu panorama são vistas, em suas verdadeiras proporções e forças divinas, humanas, angélicas, demoníacas, e cósmicas. A liberdade de Deus não pode ser elemento latem, suprimido ou nulo no pensamento cristão. Sem este fato, nossas mentes ficam sem a luz e a força da eternidade, do invisível, criação, da providência, da redenção, do juízo, da revelação, e dos atributos de Pai, Filho e Espírito Santo, como fatores na vida e no pensamento. Nosso Deus não é Deus de palanque, mero espectador do curso do universo. Sua imanência em tudo, e sua transcendência a parte de tudo e sobre tudo, como o “Todo-Poderoso”, são da essência da fé, uma vez entregue aos santos, revelada em toda a Escritura. Deus, pois, goza de liberdade em seu universo. Os nomes bíblicos desta verdade são as doutrinas de predestinação, eleição, chamada eficaz, graça, providência, soberania divina, e doutrinas congêneres em toda a esfera de revelação. Todos esses atos correspondem, em Deus, a decisões tomadas por nós, no exercício de nossa liberdade, todos os dias de nossa vida, não neguemos, pois, a Deus a liberdade que gozamos e usamos e consideramos indispensável ao gozo de personalidade. Porquanto a personalidade é a natureza que é comem a nós e Deus, a liberdade de escolha é da sua essência vital.

Nem a nossa liberdade nem a de Deus existe em absoluto. Quando Deus criou o universo, encheu de bilhões de seres responsáveis, tolerou sua queda em pecado e rebelião numa vasta escala, ainda empenhou os recursos divinos da Trindade na redenção, e entregou a empresa de evangelizar os pecadores aos esforços vagarosos e imperfeitos de outros pecadores, salvos pela graça, Ele inevitavelmente pôs pesados limites á liberdade divina. Há, pois, vários sentidos em que a liberdade divina é limitada. Deus não pode fazer aquilo que esteja contrário ao seu caráter, nem o inerentemente contraditório ou impossível. Também havendo cedido a responsabilidade por um prazo, ou pela imortalidade de seres criados a sua imagem, ele não pode agir senão dentro de suas próprias alianças ou pactos ou concertos que definem seus planos, promessas, e maneiras garantidas de agir. Tudo quanto seja condicional, nas relações entre Deus e outras personalidades responsáveis e dotadas de livre arbítrio, constitui limite à liberdade divina. Outrossim, enquanto existe o estado atual da matéria, Deus se conforma com suas próprias “leis da natureza”, por Ele estabelecidas, as quais são apenas seus “hábitos de ação” providencial nessa esfera. Mas Ele não está preso numa gaiola de leis da sua confecção. Antes possui sempre os recursos infinitos da personalidade divina para introduzir, á sua vontade, fatores por nós desconhecidos que também podem agir no regime dessas leis, por exemplo, em responder ás orações do seu povo, em salvar, guardar e orientar o crente em Cristo Jesus, em toda aquela esfera da providência divinas que faz com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que são chamados segundo o seu propósito, e em manter o universo em sua quilha, seguro no seu rumo dos séculos, a despeito das maquinações de demônios e homens maus, em marcha rítmica ao dia do juízo final e à ordem eterna das coisas. Em todo o seu domínio sobre essa complexa unidade de seres responsáveis, Deus é incapaz de uma só injustiça, falta de amor positivo e agressivo, ou arbitrariedade, em todo o exercício multi-secular desta liberdade divina, assim voluntariamente limitada, mas soberana e eficaz.
É igualmente importante, para reter e manter em simetria e coerência a verdade evangélica, que reconheçamos os vastos limites da liberdade humana. É limitada pela existência de Deus, pela queda da raça pela atividade hostil de outra raça decaída, os demônios que agem sob Satanás, o deus deste mundo, e pelos direitos de milhões de nossos semelhantes humanos, que existem como sardinhas em lata na terra, na vasta confusão que o pecado operou e desenvolve a cada passo. Forçosamente, nossa liberdade existe nessa complexa responsabilidade multiforme, ajuntando-se a cada instante com outros seres do mundo visível e invisível. Em todas estas relações sem conta, ela respeita os direitos alheios ou sofre as conseqüências. E as conseqüências ou aumentam as barreiras em nosso caminho de vontade própria ou salientam amargamente para nós que tais barreiras às vezes têm por cima arame farpado para ferir o transgressor, no sentido de conseqüências das próprias leis da natureza, física e mentais e sociais, que nossa própria consciência ajuizadamente apoia.

A moral, pois, a salvação, a religião, o fruto do Espírito, a ética, a sociologia, a vida econômica, a política, a autoridade do Estado em lei municipais, estaduais, nacionais e internacionais, e nas emergências de guerra ou calamidade, e todas as organizações voluntárias e domésticas impõem restrições em nossa liberdade pessoal. E quando mais adiantada a civilização, tanto mais complexa a responsabilidade limitada, e mais exigente ainda é o exercício do livre arbítrio.
Ora, a cada passo o nosso próximo nos lembra das restrições da nossa liberdade, dizendo-nos em solene advertência: “A tua liberdade termina no ponto onde começa o meu nariz!” E às vezes seu nariz está tão perto, e diretamente no rumo aonde queremos seguir. E nós nos sentimos nervosos, medrosos, muito prudentes ao chegarmos bem perto desse término. Só com muita cortesia, prévia aviso, e inegável necessidade é que fica de mútuo acordo que alguém toque no nariz alheio, como por exemplo, quando o dentista é solicitado a arrancar um dente que nos dói, embora seja necessário tomar liberdades com o nosso nariz e boca. Todavia, podemos recusar os bons serviços do dentista a ainda manter a inviolabilidade da ponta do nosso nariz. Contudo, sempre achei bom sacrificar um pouco a liberdade e o respeito próprio e me escravizar na cadeira do dentista, a fim de gozar aquela liberdade maior que é o alívio da dor de dente. Assim, no pleno exercício do meu livre arbítrio, caminhei submissa, tristonho, mas reluto, para o gabinete da tortura. Há sacrifícios voluntários da liberdade que o próprio arbítrio livre impõem e exige, e paga o preço para obter. Contudo somos nós que decidimos a questão. Fica intacta nossa escolha de motivos e meios.

Muito mais séria barreira e limitação da liberdade humana é feita pelo pecado, em todos os seus aspectos pessoais, coletivos, raciais, cósmicos e superhumanos. “Em verdade, em verdade, vos digo que todo aquele que comete pecado é servo (escravo) do pecado” (João 8.34). Assim Jesus afirmou. Um escravo, porém tem livre arbítrio, embora a sua liberdade seja pouca. Há regiões íntimas da personalidade onde ele pode ser livre e superior. A vítima do alcoolismo, por exemplo, tem toda a liberdade de não beber. Não há lei divina ou humana que exija que ele beba. Nem Deus nem os homens de bem apoiam essa crescente escravatura a que o bêbado voluntariamente se entregou, e até seus tentadores chegam ao ponto em que já não têm prazer na sua companhia no bar ou clube. É livre, pois, para não beber, não é? É livre, sim, mas impotente, incapaz de exercer seu livre arbítrio. Já não existe nele a força para resistir ao poder da tentação. Quem se cobre de grilhões não é livre. Há, de fato, tantas limitações liberdade humana quantos aspectos há ao pecado na vida do homem, pessoal, coletiva, racial e cosmicamente. A suposição popular ou filosófica de existir um ser criado e decaído que seja absolutamente livre e totalmente capaz, é hipótese admissível somente num asilo de doidos. Nunca houve um pecado que não acrescentasse mais grilhões ao escravo do mal e da depravação. A impotência moral e espiritual do pecador, pois, embora não seja total, no sentido de paralisar por completo todos os poderes da vontade humana, é fato racial e universalmente individual, com a única exceção de Jesus Cristo, e é total no sentido de afetar todo o nosso ser nas suas influências. Assim a depravação humana é total, mas não máxima; e este fato diminui a capacidade humana sem lhe diminuir a responsabilidade, no exercício do livre árbitro.

Nosso meio ambiente filosófico e religioso é quase totalmente hostil a qualquer doutrina real de Deus, e especialmente da liberdade de deus. O Deus vivo e verdadeiro ainda é um deus desconhecido aos nossos soberbos atenienses do Areópago dos intelectuais. O positivismo renascente não admite admitir verdade, portanto quer desviar até os crentes para um estéril humanismo anti-teológico, feroz contra toda a doutrina, sem entre a verdadeira e a falsa ou entre as tradições dos homens e a revelação divina nas Escrituras e em Jesus Cristo. As várias “ideologias” prevalecentes ambicionam limitar nosso horizonte a esta vida. O unionismo “ecumênico” quer reduzir todas as doutrinas nominalmente cristão ao mesmo nível, por mais contraditórias que sejam. Num meio tão hostil, é preciso ser crente d
e coragem moral, decisão de caráter, fibra, intelectual resistente e real independência de juízo para crer, apoiar e testemunhar as verdades que Deus tenha revelado na sua Palavra, mormente a verdade do Deus livre e sempre ativo na vida. Neste terreno, porém vale mais um Paulo do que dez mil Gamaliéis, e um Spurgeon significa mais para o mundo contemporâneo religioso do que um milhões de Darwins. Teremos ensejo de examinar e decidir se realmente cremos num Deus de palanque, nulo, irresponsável, mera fábula de velhas, ou se o Deus da Bíblia é o nosso Deus, adorado, acatado, amado, obedecido e proclamado no seu evangelho para todos.

Três doutrinas que nos falam da liberdade de deus são sua predestinação, sua eleição e sua chamada eficaz. Há pouco no Novo Testamento sobre a doutrina da predestinação, pois a palavra só se emprega em Atos 4.28; Romanos 8.29, 30; 1 Coríntios 2.7; e Efésios 1.5,11. O estudante da Bíblia, porém, se ler estas Escrituras e lhe der seu valor evidente, há de sentir quão profunda é esta verdade e quão extenso o seu alcance. O leitor é convidado a ler, meditar estudar e assimilar estas verdades, sem rodeios, sem buscar anular seu sentido e valor pela lógica de sofismas incrédulos. Verá na sua pujança e pureza a doutrina da liberdade de Deus, não precisa gastar tempo procurando harmonizar isto coma liberdade humana, pois não há conflito entre as múltiplas liberdade de personalidade. Nunca entenderemos isto, mas podemos crer, pois, ou Deus é livre, ou não há Deus. Sua liberdade de fazer planos, escolher meios e pessoas para a execução destes planos e orientar tudo de acordo é exatamente a natureza da liberdade que nós verificamos existir imperfeitamente em nós mesmos. Deus é pelo menos tão livre como suas criaturas.

A doutrina da eleição e os termos congêneres se encontram em Romanos 9.11; 11.5,7; 1 Tessalonicenses 1.4; 2 Pedro 1.10; 1 Pedro 2.4.6,9; Tito 1.1; 2 Timóteo 2.10; Marcos 13.20,22,27; Mateus 20.16; 22.14; 24.24; João 15.16; 1 Coríntios 1.27; Efésios 1.4; Tiago 2.5. Esta eleição divina foi feita mesmo antes da nossa existência, na antiga eternidade (Apocalipse 17.8). Jesus fala de ovelhas suas que ainda não eram convertidas (João 10.26-27), e a Paulo animou com a declaração de que Ele tinha muito povo em corinto (Atos 18.10), quando os crentes ainda eram poucos e novos. É fútil dizer que Deus meramente escolheu aos que O tiverem escolhido, ou que faz sua escolha depois da escolha humana de salvação. Isto reduz o Deus da eternidade a um deus de palanque e nega a veracidade destas muitas Escrituras. Deus elege livremente, como nós O escolhemos em plena liberdade de O receber ou rejeitar. Onde há muitas vontades, muitos livremente escolhem, e fútil negar a Deus a liberdade de escolha que nós mesmos gozamos. Nós escolhemos pessoas, por exemplo, no casamento. Isto não ofende a ética: antes a ética o exige. Um rapaz que meramente escolhesse casar-se com uma classe, decidisse que sua esposa seria mulher, mas nunca fosse além, seria para sempre solteiro. É a escolha do indivíduo que resulta no casamento ou na salvação. No casamento ou na salvação há duas pessoas a decidir, duas escolhas, mas a escolha de Deus é pelo menos tão livre como a escolha do pecador a quem Ele estende a sua graça. Nem digamos que a eleição seja só para serviço. Isto não evita nenhum problema de doutrina. Se Deus escolheu e capturou a Paulo, para ser o apóstolo aos gentios, e não escolheu Gamaliel para tão elevado lugar na história humana, o problema moral é o mesmo, em grau menor, que existe na escolha para a salvação. A escolha divina é para todos os fins da vontade de Deus. A definição da doutrina da eleição por Strong é: “O ato eterno de Deus, pelo qual, segundo o seu beneplácito soberano e não em consideração de mérito previsto, Ele escolhe certas pessoas do mundo de pendores, para serem os recipientes da graça especial de seu Espírito, de modo a se tornarem participantes voluntários da salvação de Cristo…” Assim a escolha divina e a fé humana são voluntárias. Não há perigo de negarmos o livre arbítrio do homem na salvação. Tenhamos pela fé ao menos igual apoio da liberdade de Deus em todas as escolhas relacionadas com a salvação, o serviço cristão e o progresso do reino de Deus até o seu triunfo final.

Strong também salienta duas doutrinas distintas das chamadas divinas que as Escrituras afirmam. Uma é a chamada universal do evangelho, como se vê em Isaías 45.22; 55.16; 65.12; João 12.22, etc. etc… A outra é a chamada eficaz do Espírito Santo no Coração que nos conduz sobrenaturalmente, pela correspondermos à eleição divina e à sua chamada eficaz, unido assim a escolha divina e a humana, mutuamente, na experiência da salvação. Esta doutrina da chamada especial e eficaz, gravada em nossos espíritos pelo Espírito de Deus, se encontra em Lucas 14.23; Romanos 1.7; 8.30; 11.29; 1 Coríntios 1.23,24,26; Filipenses 3.14; Efésios 1.18; 1 Tessalonicenses 2.12; 2 Tessalonicenses 2.14; 2 Timóteo 1.9; Hebreus 3.1; 2 Pedro 1.10. Strong define esta chamada eficaz como a operação poderosa do Espírito, levando o pecador a Cristo. Paulo contempla a majestosa unidade inquebrantável desta eterna salvação. As mesmas pessoas que ele previu como já glorificadas no céu, foram anteriormente predestinadas, eficazmente chamadas, justificadas e então glorificadas. E de todos os crentes Ele tem tanta certeza da sua salvação assim consumada que emprega até tempo passado do verbo cinco vezes: “Dantes conheceu (não era mera presciência, mas eleição, conhecendo-os como seus)… predestinou…chamou… justificou… glorificou” (Romanos 8.29,30). Os elos se estendem de eternidade a eternidade, e são todos atos divinos, decisões da livre vontade de Deus. Nunca ponhamos uma verdade em oposição a outra, nem consintamos que uma eclipse outra. Acima de todas as liberdades, sem contradizer ou negar ou enfraquecer nenhuma delas, é a liberdade de Deus. Creiamos no Deus livre e real, cujo livre arbítrio é tão genuíno e independente como o nosso, e para cujos propósitos há os infinitos recursos de sua personalidade divina, “que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade”.

(Publicado em O JORNAL BATISTA, quinta-feira, 25 de dezembro de 1947 e Quinta-Feira, 8 de janeiro de 1948).

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Jogos Mortais ou Justiça Humana?


Há um tempo eu assisti a esse filme que leva o nome do artigo e pude ver até onde a crueldade humana pode chegar.
A história, caso alguém realmente se interesse, segue o que vinha sendo revelado a cada novo capítulo da série. Com a morte de Jigsaw (Tobin Bell), o detetive Hoffman (Costas Mandylor) continuaria sua missão de ensinar uma lição às pessoas. Mas desde o episódio anterior ele está fora de controle e agora está assassinando pessoas que podem ajudar a incriminá-lo. É o caso da ex-esposa do Jigsaw, Jill (Betsy Russel), que corre atrás do policial da corregedoria Matt Gibson (Chad Donella) atrás de proteção e imunidade em troca de informações que levarão Hoffman para trás das grades.
Paralela a essa caçada, Hoffman arma contra Bobby Dagen (Sean Patrick Flanery), um sobrevivente das armadilhas de Jigsaw que está usando sua experiência de superação para lucrar em cima, se tornando um guru da autoajuda, autor de um livro bestseller, queridinho dostalkshows e que em breve lançará um documentário. De uma só vez, Hoffman desarma todo o rentável esquema montado por Dagen, colocando-o em uma corrida contra o relógio que envolve sua assessora de imprensa, a advogada, o empresário e a esposa. Contudo, as mortes são um tanto quanto cruéis e quem não goste de filmes que exponha a brutalidade humana, eu não recomendo.

À luz da palavra de Deus, sabemos que o apóstolo Paulo disse que tudo aquilo que o homem semear, certamente ele mesmo ceifará (Gl 6:07), o que diz que não tem como fugir dessa verdade e vamos colher o fruto de nossas atitudes.
Todavia, precisamos entender que a misericórdia de Deus é bem maior do que a justiça humana. Em Mt 12:07, Jesus está em um diálogo com os fariseus a respeito do sábado se é lícito curar ou não. O próprio Cristo ao responde-los diz que se o que ele quer é misericórdia e não sacrifícios. Todos nós pecamos e debaixo do céu não um justo sequer. Todos sem exceção nenhuma carecemos do perdão e da misericordiosa de Deus que é dado a nós, quando nos arrependemos de nossos pecados (Is 1:18).
Por mais que gostaríamos de fazer justiça com a nossa própria mão, às vezes não concordando com a providência tomada pelas autoridades, devemos colocar tudo não mãos do Senhor aguardando por Ele a justificação mediante às adversidades da vida.

Se eu fosse dar um conselho para o detetive Hoffman diria:
- Ei se eu fosse você entregaria toda a sua revolta nas mãos de Deus pois tudo o que o homem plantar, também colherá. Cabe a Deus escolher quem vive ou quem morre.

Lembre-se: O que importa é que ele cresça e eu diminua (Jo 3:30); se humilhar debaixo das mãos de Deus que Ele há de te exaltar (1 Pe 5:06).