Por que Deus escolheria Jacó, o enganador, em vez do respeitoso Esaú?
Porque conferir poderes sobrenaturais de força a um mozartino chamado Sansão?
Por que preparar um pastorzinho nanico, Davi, para ser o rei de Israel? Na
verdade, em cada uma dessas histórias do Antigo Testamento, os escândalo da
graça ressoa sob a superfície até que, finalmente, nas parábolas de Jesus, ela
explode em uma dramática sublevação para reformar a perspectiva moral.
A parábola de Jesus sobre os trabalhadores e o pagamento injusto que
receberam mostra claramente esse escândalo. Em uma versão judaica contemporânea
da história, os trabalhadores contratados à tarde trabalharam tanto que o empregador,
impressionado, decide recompensá-los com o salário de um dia. Não foi assim na
versão de Jesus, que salienta que o último grupo de trabalhadores esteve
negligente sem atividade no mercado, coisa que apenas trabalhadores preguiçosos
e incapazes poderiam estar fazendo durante a colheita. Além do mais, os
folgados nada fizeram para destacar-se, e os outros trabalhadores ficaram
escandalizados com o pagamento que receberam. Que empregador, em seu juízo
perfeito, pagaria por uma hora de trabalho a mesma quantia que pagou por doze?
A história de Jesus não faz sentido do ponto de vista econômico, e essa
foi a sua intenção. Ele estava oferecendo-nos uma parábola a respeito da graça,
que não pode ser calculada como o salário de um dia. A graça não está
relacionada com acabar primeiro ou depois; trata de não levar em conta.
Recebemos a graça como um dom de Deus, e não por alguma coisa que nos tenhamos
esforçado muito para ganhar.
Philip Yancey - Maravilhosa Graça
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