
No começo do
ministério profético de Oseias, Israel e Judá estavam vivendo o apogeu da sua
prosperidade financeira. Ambos os reinos desfrutavam paz nas fronteiras e
crescimento econômico dentro das divisas. O rei Uzias governou Israel por 52
anos e muito se fortaleceu. Seu reinado foi próspero, e Judá tornou-se um reino
opulento, tanto militar quanto economicamente.
O reinado de Uzias
caracterizou-se por sucessivas guerras das quais ele saiu vitorioso, pela
ampliação dos projetos de construção, pela multiplicação das fortificações e
pelo desenvolvimento da agricultura (2Cr 26) e pelo desenvolvimento da
agricultura (2Cr 26). Os reis que o sucederam também prosperaram.
No reino do Norte,
Jeroboão II, num longo governo de 41 anos, levou o reino ao apogeu de sua
influência política e econômica, ampliando suas fronteiras e desfrutando de
invejável riqueza interna. Esse monarca conquistou para Israel (2Rs 14:25) um
domínio tão extenso como não se via desde a ruptura do reinado de Salomão,
anexando até mesmo Damasco, que já nos dias de Salomão fora perdida (1Rs
11:24).
Jeroboão II foi
considerado o Luiz XIV de Samaria. Encabeçava um despotismo militar arrogante.
Nos seus dias, a nação subiu ao apogeu de suas prosperidade, mas, também,
desceu rapidamente a uma fatal corrupção moral.
Depois da morte desse
opulento monarca houve dissensões internas a ponto de políticos rivais
sacrificarem os interesses da nação. Houve conspiração, traição e assassinatos
no palácio. Os reis caíram como lasca de madeira sobre a superfície das águas
(Os 10:27).
Jeroboão II foi
realmente o último rei forte de Israel. Dos outros seis que se seguiram, só
Manaem morreu de morte natural. Os outros tomaram o trono assassinando quem o
ocupava na ocasião. Salum matou Zacarias depois de um reinado de apenas um ano
e meio; Menaém matou Salum após um reinado de apenas um mês; Peca matou
Pecaías, filho de Menaém; e Oseias, o último deles (não o profeta), por sua vez
matou Peca.
A lealdade ao trono
praticamente não existia mais; as conspirações eram abundantes. Havia surtos de
anarquia, e as condições tornaram-se deploráveis. As nações agitava-se em
desordem ao redor do trono degradado e vacilante. Nesse tempo de instabilidade,
a nação ora corria atrás de alianças como o Egito, ora bandeava para os lados
da Assíria (Os 7:11), pagando-lhes tributos, até que finalmente perdeu sua
independência e autonomia nacional, tornando-se vassalo da Assíria.
Vale lembrar que os
tempos áureos de riqueza nos anos dourados de Jeroboão II trouxeram em suas
asas uma assombrosa miséria, mais grave e mais danosa do que da própria
pobreza: o esfriamento do amor e a apostasia da fé. Israel abandonou o Deus
verdadeiro para curvar-se diante de Baal. A santidade foi substituída pela
galopante corrupção moral.
Foi o Senhor quem deu
a Israel o cereal, o vinho, o óleo e
multiplicou a prata e o ouro que o povo passou a entregar na adoração ao deus
Baal.
O coração de Deus
estava ferido, pois desde a libertação de Israel quando ainda eles eram
escravos no Egito, o Senhor Todo Poderoso, ainda amava a Israel, embora eles
estavam entregues aos balaains. Então o próprio Deus com o coração partido fala
ao profeta Oséias:
a) Os 5:06 – “eu me retirei deles”
b) Os 4:17 – “Efraim está entregue aos
ídolos”
O pecado de Israel era
tão grande e grave, que Deus ao olhar a menina de seus olhos se corrompendo,
deitando-se com outros deuses, com ira e raiva, o próprio Deus fala ao profeta:
a) Os 5:14 – “Porque para Efraim eu
serei como um leão
b) Os 9:09 – “O Senhor se lembrará das
injustiças e castigará os pecados deles”
Embora Deus estivesse
com o coração partido, e furioso por causa do pecado e pelo abandono da fé
nAquele que os tirou do Egito, o amor de Deus por Israel, excedia qualquer
entendimento e razão, pois foi assim que o Deus diz ao profeta Oseias:
a) Os 11:08 – “Como de deixarei, ó
Efraim? [...] Meu coração está comovido dentro de mim..”
b) Os 14:04 – “Curarei a sua
infidelidade”
Israel havia
abandonado Deus, mas Deus não havia abandonado Israel. O amor de Deus por seu
povo vai além de nosso pensar, além de nosso imaginar, além de nosso
entendimento. O amor de Deus é incondicional!
Oseias foi escolhido
por Deus para trazer uma mensagem de juízo ao povo, onde o próprio Deus viria
contra eles por causa da apostasia e de seus pecados. Oseias profetizou num
tempo de prosperidade financeira e decadência espiritual. Depois da morte de
Salomão, em 931 a.C., dez tribos cismáticas romperam com a dinastia de Davi e
seguiram Jeroboão I, formando o reino do Norte. Esse reino foi levado cativo
pela Assíria em 722 a.C. Nesses 209 anos, eles tiveram dezenove reis e oito
diferentes dinastias, e nenhum deles andou com Deus. Todos eles se desviaram à
semelhança de Jeroboão I, que induziu o povo a adorar um bezerro de ouro em
lugar de servir ao Deus vivo.
O casamento do profeta: uma demonstração do amor de Deus
O
casamento de Oseias é um símbolo do adultério espiritual de Israel. O pecado de
adultério tem sido definido como “busca de satisfação em relações ilícitas”. A
prostituição é ainda pior. É o pecado de “prostituir bens superiores por causa
de dinheiro e lucro”.
Deus
disse ao profeta:
“Quando pela primeira vez falou o
Senhor por intermédio de Oseias, então lhe disse: Vai, toma uma mulher de
prostituições e terás filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu,
desviando-se do Senhor (1:2)”. Embora esse fato ofereça algumas dificuldades e nos cause
certo constrangimento, é exatamente isso que o texto afirma. Oseias amava a
Gômer (sua esposa) não como base em suas virtudes, mas apesar de seus pecados.
O
casamento de Oseias com Gômer foi uma tragédia, mas a tragédia de Oseias
ilustra a tragédia de Deus. Ao se envolver com outros deuses, Israel adulterou,
e o esposo podia rejeitá-lo. A insistência de Israel na idolatria, com várias
divindades configurava mais que o adultério. Era prostituição. O casamento
estava terminado. Havia motivo mais que justificado.
Os filhos do profeta são anunciados
Se
o casamento de Oseias com Gômer retratava o amor de Deus a um povo ingrato e
infiel, os filhos de Oseias representavam o juízo de Deus a esse povo. O casal
teve três filhos: Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami. São nomes carregados de
simbolismo. Não podemos afirmar, com base no texto que os três filhos eram
todos de Oseias. O texto parece sugerir que apenas o primeiro era filho de
Oseias, ao passo que “Desfavorecida” e “Não meu povo” eram filhos de
prostituição.
1. Jezreel – O juízo de Deus aos reis e ao povo de Israel
Jezreel era o nome do campo de
batalha onde Jeú exterminou a família de Acabe (2Rs 9-10). O problema de Jeú é que ele foi além do que Deus o mandou fazer.
Ele errou quanto à forma, quanto à motivação e quanto à essência. Por ter
cumprido o propósito de Deus de
vingar-se da casa de Acabe, Deus lhe prometeu quatro gerações no trono,
mas agora chegara a hora de castigar a casa de Jeú pelo sangue de Jezreel. As
trapaças de carnificina e hipocrisia, o fanatismo, o egoísmo e a sede de sangue
tornaram “o sangue de Jezreel” uma nódoa acusadora.
2. Lo-Ruama – Desfavorecida ou Não Compaixão
Essa filha é
fruto da infidelidade conjugal de Gômer. A prostituição espiritual do povo indo
atrás de outros deuses havia provocado a ira de Deus, e o Senhor então resolveu
reter o seu perdão. Havia chegado o fim para o povo de Israel. O julgamento era
inevitável.
3. Lo-Ami – Meu-Não-Povo
O juízo de Deus viria e seria sem
compaixão, porque Israel não era mais povo de Deus. Deus não conhecia a Israel
como seu povo por causa do pecado de prostituição do povo.
O
amor de Deus estava ferido. Veio sobre o Reino do Norte um grande juízo da
parte de Deus. O juízo de Deus veio para purificar o seu povo. Deus é amor!
Parece difícil de entender, mas em meio a todo esse caos que estava prestes a
vir sobre o reino do Norte, Deus ainda amava a Israel. Um amor difícil de se
entender. Como num efeito cascata, Deus é obsequioso ao céu; o céu à terra, a
terra ao trigo, o vinho ao óleo. E estes a Jezreel. Invertendo a ordem: A terra
pede trigo, permissão a Deus, e de deus vem um sonoro sim a todas as essas
súplicas. Nesse dia, Deus muda a sorte dos filhos de Israel. Jezreel não será
mais disperso, mas semeado da graça. A promessa é que Lo-Ruama será Ruama, ou
seja Meu povo não será mais estranho. A Desfavorecida não será mais abandonada.
Toda maldição será não apenas desviada, mas transformada por outros deuses, mas
será chamado: Meu Deus! Onde havia juízo, agora há misericórdia; onde havia
maldição, agora há bênção.
O
amor de Deus fala de um coração partido que sangra, mas jamais desiste de amar
infinitamente os objetos de sua ira. O amor de Deus investe naquilo que o
pecado desprezou. O pecado poderia desprezar Gômer por sua condição suja e
imoral, mas Deus não conseguia olhar para com outros olhos ao não ser pelo amor
que emanava dentro de seu coração.