Oseias foi
contemporâneo de Amós, Isaías e Miquéias. Esse foi o tempo áureo da profecia
tanto em Israel como em Judá. Oseias era homem de coração quebrantado. O que o
choroso Jeremias foi para Judá, o Reino do Sul, quase um século mais tarde, o
soluçante Oseias foi para Israel, o Reino do Norte. Da mesma forma que Jeremias
viu seus compatriotas do Sul serem realmente mergulhados na noite sombria do
cativeiro babilônico e, de coração partido, imortalizou isso em suas
Lamentações, é provável que Oseias tenha viso as dez tribos de seu amado Israel
serem arrastadas para longe da sua terra que, tão vergonhosamente, profanaram,
para aquele exílio e para aquela dispersão entre as nações das quais não foram
mais reunidas.
No começo do
ministério profético de Oseias, Israel e Judá estavam vivendo o apogeu da sua
prosperidade financeira. Ambos os reinos desfrutavam paz nas fronteiras e
crescimento econômico dentro das divisas. O rei Uzias governou Israel por 52
anos e muito se fortaleceu. Seu reinado foi próspero, e Judá tornou-se um reino
opulento, tanto militar quanto economicamente.
O reinado de Uzias
caracterizou-se por sucessivas guerras das quais ele saiu vitorioso, pela
ampliação dos projetos de construção, pela multiplicação das fortificações e
pelo desenvolvimento da agricultura (2Cr 26) e pelo desenvolvimento da
agricultura (2Cr 26). Os reis que o sucederam também prosperaram.
No reino do Norte,
Jeroboão II, num longo governo de 41 anos, levou o reino ao apogeu de sua
influência política e econômica, ampliando suas fronteiras e desfrutando de
invejável riqueza interna. Esse monarca conquistou para Israel (2Rs 14:25) um
domínio tão extenso como não se via desde a ruptura do reinado de Salomão,
anexando até mesmo Damasco, que já nos dias de Salomão fora perdida (1Rs
11:24).
Jeroboão II foi
considerado o Luiz XIV de Samaria. Encabeçava um despotismo militar arrogante.
Nos seus dias, a nação subiu ao apogeu de suas prosperidade, mas, também,
desceu rapidamente a uma fatal corrupção moral.
Depois da morte desse
opulento monarca houve dissensões internas a ponto de políticos rivais
sacrificarem os interesses da nação. Houve conspiração, traição e assassinatos
no palácio. Os reis caíram como lasca de madeira sobre a superfície das águas
(Os 10:27).
Jeroboão II foi
realmente o último rei forte de Israel. Dos outros seis que se seguiram, só
Manaem morreu de morte natural. Os outros tomaram o trono assassinando quem o
ocupava na ocasião. Salum matou Zacarias depois de um reinado de apenas um ano
e meio; Menaém matou Salum após um reinado de apenas um mês; Peca matou
Pecaías, filho de Menaém; e Oseias, o último deles (não o profeta), por sua vez
matou Peca.
A lealdade ao trono
praticamente não existia mais; as conspirações eram abundantes. Havia surtos de
anarquia, e as condições tornaram-se deploráveis. As nações agitava-se em
desordem ao redor do trono degradado e vacilante. Nesse tempo de instabilidade,
a nação ora corria atrás de alianças como o Egito, ora bandeava para os lados
da Assíria (Os 7:11), pagando-lhes tributos, até que finalmente perdeu sua
independência e autonomia nacional, tornando-se vassalo da Assíria.
Vale lembrar que os
tempos áureos de riqueza nos anos dourados de Jeroboão II trouxeram em suas
asas uma assombrosa miséria, mais grave e mais danosa do que da própria
pobreza: o esfriamento do amor e a apostasia da fé. Israel abandonou o Deus
verdadeiro para curvar-se diante de Baal. A santidade foi substituída pela
galopante corrupção moral.
Foi o Senhor quem deu
a Israel o cereal, o vinho, o óleo e
multiplicou a prata e o ouro que o povo passou a entregar na adoração ao deus
Baal.
O coração de Deus
estava ferido, pois desde a libertação de Israel quando ainda eles eram
escravos no Egito, o Senhor Todo Poderoso, ainda amava a Israel, embora eles
estavam entregues aos balaains. Então o próprio Deus com o coração partido fala
ao profeta Oséias:
a) Os 5:06 – “eu me retirei deles”
b) Os 4:17 – “Efraim está entregue aos
ídolos”
O pecado de Israel era
tão grande e grave, que Deus ao olhar a menina de seus olhos se corrompendo,
deitando-se com outros deuses, com ira e raiva, o próprio Deus fala ao profeta:
a) Os 5:14 – “Porque para Efraim eu
serei como um leão
b) Os 9:09 – “O Senhor se lembrará das
injustiças e castigará os pecados deles”
Embora Deus estivesse
com o coração partido, e furioso por causa do pecado e pelo abandono da fé
nAquele que os tirou do Egito, o amor de Deus por Israel, excedia qualquer
entendimento e razão, pois foi assim que o Deus diz ao profeta Oseias:
a) Os 11:08 – “Como de deixarei, ó
Efraim? [...] Meu coração está comovido dentro de mim..”
b) Os 14:04 – “Curarei a sua
infidelidade”
Israel havia
abandonado Deus, mas Deus não havia abandonado Israel. O amor de Deus por seu
povo vai além de nosso pensar, além de nosso imaginar, além de nosso
entendimento. O amor de Deus é incondicional!
Oseias foi escolhido
por Deus para trazer uma mensagem de juízo ao povo, onde o próprio Deus viria
contra eles por causa da apostasia e de seus pecados. Oseias profetizou num
tempo de prosperidade financeira e decadência espiritual. Depois da morte de
Salomão, em 931 a.C., dez tribos cismáticas romperam com a dinastia de Davi e
seguiram Jeroboão I, formando o reino do Norte. Esse reino foi levado cativo
pela Assíria em 722 a.C. Nesses 209 anos, eles tiveram dezenove reis e oito
diferentes dinastias, e nenhum deles andou com Deus. Todos eles se desviaram à
semelhança de Jeroboão I, que induziu o povo a adorar um bezerro de ouro em
lugar de servir ao Deus vivo.
O casamento do profeta: uma demonstração do amor de Deus
O
casamento de Oseias é um símbolo do adultério espiritual de Israel. O pecado de
adultério tem sido definido como “busca de satisfação em relações ilícitas”. A
prostituição é ainda pior. É o pecado de “prostituir bens superiores por causa
de dinheiro e lucro”.
Deus
disse ao profeta:
“Quando pela primeira vez falou o
Senhor por intermédio de Oseias, então lhe disse: Vai, toma uma mulher de
prostituições e terás filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu,
desviando-se do Senhor (1:2)”. Embora esse fato ofereça algumas dificuldades e nos cause
certo constrangimento, é exatamente isso que o texto afirma. Oseias amava a
Gômer (sua esposa) não como base em suas virtudes, mas apesar de seus pecados.
O
casamento de Oseias com Gômer foi uma tragédia, mas a tragédia de Oseias
ilustra a tragédia de Deus. Ao se envolver com outros deuses, Israel adulterou,
e o esposo podia rejeitá-lo. A insistência de Israel na idolatria, com várias
divindades configurava mais que o adultério. Era prostituição. O casamento
estava terminado. Havia motivo mais que justificado.
Os filhos do profeta são anunciados
Se
o casamento de Oseias com Gômer retratava o amor de Deus a um povo ingrato e
infiel, os filhos de Oseias representavam o juízo de Deus a esse povo. O casal
teve três filhos: Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami. São nomes carregados de
simbolismo. Não podemos afirmar, com base no texto que os três filhos eram
todos de Oseias. O texto parece sugerir que apenas o primeiro era filho de
Oseias, ao passo que “Desfavorecida” e “Não meu povo” eram filhos de
prostituição.
1. Jezreel – O juízo de Deus aos reis e ao povo de Israel
Jezreel era o nome do campo de
batalha onde Jeú exterminou a família de Acabe (2Rs 9-10). O problema de Jeú é que ele foi além do que Deus o mandou fazer.
Ele errou quanto à forma, quanto à motivação e quanto à essência. Por ter
cumprido o propósito de Deus de
vingar-se da casa de Acabe, Deus lhe prometeu quatro gerações no trono,
mas agora chegara a hora de castigar a casa de Jeú pelo sangue de Jezreel. As
trapaças de carnificina e hipocrisia, o fanatismo, o egoísmo e a sede de sangue
tornaram “o sangue de Jezreel” uma nódoa acusadora.
2. Lo-Ruama – Desfavorecida ou Não Compaixão
Essa filha é
fruto da infidelidade conjugal de Gômer. A prostituição espiritual do povo indo
atrás de outros deuses havia provocado a ira de Deus, e o Senhor então resolveu
reter o seu perdão. Havia chegado o fim para o povo de Israel. O julgamento era
inevitável.
3. Lo-Ami – Meu-Não-Povo
O juízo de Deus viria e seria sem
compaixão, porque Israel não era mais povo de Deus. Deus não conhecia a Israel
como seu povo por causa do pecado de prostituição do povo.
O
amor de Deus estava ferido. Veio sobre o Reino do Norte um grande juízo da
parte de Deus. O juízo de Deus veio para purificar o seu povo. Deus é amor!
Parece difícil de entender, mas em meio a todo esse caos que estava prestes a
vir sobre o reino do Norte, Deus ainda amava a Israel. Um amor difícil de se
entender. Como num efeito cascata, Deus é obsequioso ao céu; o céu à terra, a
terra ao trigo, o vinho ao óleo. E estes a Jezreel. Invertendo a ordem: A terra
pede trigo, permissão a Deus, e de deus vem um sonoro sim a todas as essas
súplicas. Nesse dia, Deus muda a sorte dos filhos de Israel. Jezreel não será
mais disperso, mas semeado da graça. A promessa é que Lo-Ruama será Ruama, ou
seja Meu povo não será mais estranho. A Desfavorecida não será mais abandonada.
Toda maldição será não apenas desviada, mas transformada por outros deuses, mas
será chamado: Meu Deus! Onde havia juízo, agora há misericórdia; onde havia
maldição, agora há bênção.
O
amor de Deus fala de um coração partido que sangra, mas jamais desiste de amar
infinitamente os objetos de sua ira. O amor de Deus investe naquilo que o
pecado desprezou. O pecado poderia desprezar Gômer por sua condição suja e
imoral, mas Deus não conseguia olhar para com outros olhos ao não ser pelo amor
que emanava dentro de seu coração.