“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é
fiel e dá sabedoria aos símplices [...] são mais desejáveis do que ouro, [...]
em os guardar há grande recompensa [...] Para mim vale mais a lei que procede
de tua boca do que milhares de ouro ou de prata” (Salmo 19.7,10-11; Salmo
119.72).
Beduínos não marcam o tempo como os ocidentais, mas assemelham-se aos
seus antepassados; sua concepção de tempo e momento está relacionada com outros
acontecimentos. Assim, não se pode datar essa descoberta com precisão. Após uma
revisão, a nova data para a descoberta do primeiro rolo de manuscritos é a de
1935 ou 1936. A partir de então até o ano de 1956, muitos outros manuscritos
foram achados. Acredita-se que esses manuscritos sejam de datas diferentes, as
quais variam do século III a.C. até o século I d.C. A maior parte deles foi
descoberta em cavernas de formação calcária em Qumran, situadas exatamente a
noroeste do Mar Morto. A maioria dos pergaminhos é escrita em hebraico; o
restante deles é escrito em aramaico e grego. Foram achados mais de 900
documentos, que correspondem a 350 obras distintas em suas múltiplas cópias.
Muitos dos escritos bíblicos e extrabíblicos estão representados em
pequeníssimos fragmentos. Só em uma caverna foram encontrados 520 textos, na
forma de 15 mil fragmentos. Como se pode imaginar, juntar todos esses pedaços
de pergaminho na sua respectiva posição para que se faça a tradução tem se
constituído numa tarefa gigantesca.
A descoberta dos Manuscritos do Mar Morto confirma aquilo que as pessoas
que crêem na Bíblia sempre souberam, ou seja, que a Bíblia, tal qual a temos na
atualidade, é um texto que passa nos testes de fidedignidade. Apesar dos
ataques contra a Bíblia, a Palavra de Deus permanece para sempre: “O caminho
de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; ele é escudo para todos os
que nele se refugiam” (2 Samuel 22.31).
Sempre houve pessoas que questionaram a confiabilidade das Escrituras.
Uma vez que o texto foi copiado e re-copiado ao longo dos séculos, os críticos
alegam que é impossível saber-se com certeza o que os escritores bíblicos
escreveram ou queriam dizer originalmente. Os Manuscritos do Mar Morto
invalidam tal hipótese ou suposição no que se refere ao Antigo Testamento.
Foram achadas entre 223 e 233 cópias das Escrituras Hebraicas, as quais foram
comparadas com o texto atual. O único livro do Antigo Testamento que não foi
encontrado nessa descoberta é o livro de Ester. É possível que ele esteja
oculto numa caverna ainda não identificada de algum lugar isolado.
Antes dessa descoberta, os manuscritos mais antigos das Escrituras
Hebraicas datavam do século IX d.C. ao século XI d.C. Tais manuscritos
constituem aquele que é chamado de Texto Massorético, termo este originado da
palavra hebraica masorah que significa “tradição”. Os escribas judeus de
Tiberíades, denominados massoretas, procuraram meticulosamente
padronizar o texto hebraico e sua pronúncia; a obra que realizaram ainda é
considerada uma referência confiável nos dias de hoje. Os manuscritos de Qumran
são, no mínimo, mil anos mais antigos que o Texto Massorético. Na realidade,
esses manuscritos são até mesmo mais antigos que a Septuaginta, uma tradução
grega do Antigo Testamento elaborada no Egito durante o período de 300 a 200
a.C.
Comparações minuciosas têm sido feitas entre o Texto Massorético e os
Manuscritos do Mar Morto. Encontraram-se diferenças insignificantes de
ortografia e gramática. Os críticos e céticos em relação à Bíblia ficaram
surpresos quanto à maneira pela qual o texto daqueles manuscritos se assemelha
ao texto atual. Eles não encontraram nenhuma objeção evidente às principais
doutrinas das Escrituras Sagradas. A parte bíblica da literatura descoberta em
Qumran confirma o estilo de expressão verbal e o significado do Antigo
Testamento que temos em nossas mãos na atualidade: “Examinais as Escrituras,
porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de
mim” (João 5.39).
Além das cópias das Escrituras do Antigo Testamento, as cavernas do Mar
Morto também nos proporcionaram outras obras escritas. Esses documentos
descrevem o estilo de vida e as crenças da misteriosa comunidade que viveu na
região de Qumran. Embora não sejam escritos bíblicos, são registros valiosos
que possibilitam a compreensão do contexto de vida e da cultura na época do
Novo Testamento. Infelizmente os estudiosos dão mais atenção a essas obras de
menor relevância do que às Escrituras, ainda que os textos bíblicos sejam mais
importantes para os problemas da vida, pois o legítimo plano de Deus para a redenção
da humanidade só se encontra no texto da Bíblia.
Uma Exatidão Maravilhosa
O Manuscrito do Livro (rolo) de Isaías encontrado na caverna 1 da região
de Qumran oferece um sensacional exemplo da transmissão exata do texto na
tradução. Acredita-se que esse extraordinário manuscrito date de cem anos antes
do nascimento de Jesus Cristo. Foi um manuscrito semelhante a esse que Jesus
utilizou na sinagoga da aldeia de Nazaré, quando leu a seguinte passagem das
Escrituras: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para
evangelizar os pobres” (Lucas 4.18; Isaías 61.1). Ele continuou a leitura
até determinado ponto. Em seguida, devolveu o livro (rolo) ao assistente da
sinagoga e se sentou. Enquanto todos tinham os olhos fitos em Jesus, Ele
declarou que aquela porção das Escrituras acabara de se cumprir diante dos
ouvintes. Dessa forma, Jesus afirmou claramente ser Ele mesmo o Messias de
Deus, vindo ao mundo para conceder a salvação a todo aquele que O receber.
A mesma passagem bíblica traduzida diretamente a partir do Manuscrito
do Livro de Isaías descoberto em Qumran (o qual é cerca de mil anos mais
antigo do que o manuscrito hebraico (o Texto Massorético) no qual se basearam
as outras traduções), é praticamente idêntica: “O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim, porque YHVH [N. do T., o tetragrama sagrado em hebraico que
se refere ao nome supremo de Deus: Yahveh ou Javé] me ungiu
para pregar as boas novas aos quebrantados”. A integridade da reivindicação
de Cristo, conforme está escrita em nossas Bíblias, se confirma.
É fascinante que os manuscritos achados com mais freqüência em Qumran,
sejam completos, sejam na forma de pequenos fragmentos, referem-se aos mesmos
livros da Bíblia geralmente citados no Novo Testamento: Deuteronômio, Isaías e
Salmos. Tal fato desperta um interesse ainda maior à luz das próprias palavras
de Jesus concernentes às Escrituras Hebraicas:
“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei,
estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito
na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas 24.44).
Muitos outros exemplos poderiam ser citados. O fato principal acerca da
Bíblia e desses rolos de manuscritos resume-se naquilo que um grande expositor
das Escrituras, o inglês G. Campbell Morgan (1863-1945), certa feita
compartilhou: “Não existe vida nas Escrituras em si mesmas, porém, se seguirmos
a direção para onde as Escrituras nos levam, elas nos conduzirão até Ele e
assim encontraremos a vida, não nas Escrituras, mas nEle através delas”.
“Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece
eternamente” (Is 40.8).
Infindáveis argumentações e debates têm surgido acerca desses
manuscritos. Contudo, os crentes em Cristo podem estar certos de que tais
manuscritos bíblicos antigos ratificam, apoiam e dão credibilidade à Bíblia que
temos nos dias de hoje. A Palavra de Deus continua a ser a única fonte legítima
da fé e da doutrina para todo aquele que busca recompensa eterna.
“São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são
mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se
admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa” (Salmo 19.10-11).
Sendo assim, pobre Muhammad! Ele tinha esperança de encontrar os
tesouros deste mundo, mas achou apenas pergaminhos despedaçados que só
prestavam para fazer correias de sandálias! Lamentavelmente o lucro deste mundo
é uma prioridade que absorve a pessoa completamente. O mundo considera as
Escrituras Sagradas como algo sem valor; ou com alguma utilidade, de vez em
quando, para serem citadas como “palavras da boca pra fora”, mas nunca para
serem aceitas pela fé e praticadas. Todavia, nós, os salvos em Cristo, temos um
conhecimento mais apurado. Temos conhecimento suficiente para não desprezar o
tesouro verdadeiro e incalculável que só pode ser descoberto quando se faz uma
escavação no solo da Palavra de Deus:
“E, se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, se
buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares,
então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus”
(Provérbios 2.3-5).